Presidência da República |
LEI No 7.646, DE 18 DE DEZEMBRO DE 1987.
Vide Decreto nº 96.036, de 1988 |
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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte lei:
Disposições Preliminares
Art. 1º São livres, no País, a produção e a comercialização de programas de
computador, de origem estrangeira ou nacional, assegurada integral proteção aos
titulares dos respectivos direitos, nas condições estabelecidas em lei.
Parágrafo único. Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de
instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer
natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação,
dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital,
para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.
Art. 2º O regime de proteção à propriedade intelectual de programas de computador é o
disposto na Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, com as modificações que esta lei
estabelece para atender às peculiaridades inerentes aos programas de computador.
Art. 3º Fica assegurada a tutela dos direitos relativos aos programas de computador, pelo
prazo de 25 (vinte e cinco) anos, contado a partir do seu lançamento em qualquer país.
§
1º A proteção aos direitos de que trata esta lei independe de registro ou cadastramento
na Secretaria Especial de Informática - SEI.
§
2º Os direitos atribuídos por esta lei aos estrangeiros, domiciliados no exterior, ficam
assegurados, desde que o país de origem do programa conceda aos brasileiros e
estrangeiros, domiciliados no Brasil, direitos equivalentes, em extensão e duração, aos
estabelecidos no caput deste artigo.
Art. 4º Os programas de computador poderão, a critério do autor, ser registrados em
órgão a ser designado pelo Conselho Nacional de Direito Autoral - CNDA, regido pela
Lei
nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, e reorganizado pelo
Decreto nº 84.252, de 28 de
julho de 1979.
§
1º O titular do direito de autor submeterá ao órgão designado pelo Conselho Nacional
de Direito Autoral - CNDA, quando do pedido de registro, os trechos do programa e outros
dados que considerar suficientes para caracterizar a criação independente e a identidade
do programa de computador.
§
2º Para identificar-se como titular do direito de autor, poderá o criador do programa
usar de seu nome civil, completo ou abreviado, até por suas iniciais, como previsto no
art. 12 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973.
§
3º As informações que fundamentam o registro são de caráter sigiloso, não podendo
ser reveladas, a não ser por ordem judicial ou a requerimento do próprio titular.
Art. 5º Salvo estipulação em contrário, pertencerão exclusivamente ao empregador ou
contratante de serviços, os direitos relativos a programa de computador, desenvolvido e
elaborado durante a vigência de contrato ou de vínculo estatutário, expressamente
destinado à pesquisa e desenvolvimento, ou em que a atividade do empregado, servidor ou
contratado de serviços seja prevista, ou ainda, que decorra da própria natureza dos
encargos contratados.
§
1º Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do trabalho, ou serviço prestado,
será limitada à remuneração ou ao salário convencionado.
§
2º Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, servidor ou contratado de serviços, os
direitos concernentes a programa de computador gerado sem relação ao contrato de
trabalho, vínculo estatutário ou prestação de serviços, e sem utilização de
recursos, informações tecnológicas, materiais, instalações ou equipamentos do
empregador ou contratante de serviços.
Art. 6º Quando estipulado em contrato firmado entre as partes, os direitos sobre as
modificações tecnológicas e derivações pertencerão à pessoa autorizada que as fizer
e que os exercerá autonomamente.
Art. 7º Não constituem ofensa ao direito de autor de programa de computador:
I -
a reprodução de cópia legitimamente adquirida, desde que indispensável à utilização
adequada do programa;
II
- a citação parcial, para fins didáticos, desde que identificados o autor e o programa
a que se refere;
III
- a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, quando se der por força
das características funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos legais,
regulamentares, ou de normas técnicas, ou de limitações de forma alternativa para a sua
expressão;
IV
- a integração de um programa, mantendo-se suas características essenciais, a um
sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente indispensável às necessidades do
usuário, desde que para uso exclusivo de quem a promoveu.
Art. 8º Para a comercialização de que trata o art. 1º desta lei, fica obrigatório o
prévio cadastramento do programa ou conjunto de programas de computador, pela Secretaria
Especial de Informática - SEI, que os classificará em diferentes categorias, conforme
sejam desenvolvidos no País ou no exterior, em associação ou não entre empresas não
nacionais e nacionais, definidas estas pelo art. 12 da Lei nº 7.232, de 29 de outubro de
1984, e art. 1º do Decreto-lei nº 2.203, de 27 de dezembro de 1984.
§
1º No que diz respeito à proteção dos direitos do autor, não se estabelecem
diferenças entre as categorias referidas no caput deste artigo, as quais serão
diversificadas para efeito de financiamento com recursos públicos, incentivos fiscais,
comercialização e remessa de lucros, ou pagamento de direitos aos seus titulares
domiciliados no exterior, conforme o caso.
§
2º O cadastramento de que trata este artigo e a aprovação dos atos e contratos
referidos nesta lei, pela Secretaria Especial de Informática - SEI, ficarão
condicionados, quando se tratar de programas desenvolvidos por empresas não nacionais, à
apuração da inexistência de programa de computador similar, desenvolvido no País, por
empresa nacional.
§
3º Além do disposto no caput deste artigo, o cadastramento de que trata esta lei
é condição prévia e essencial à:
I -
validade e eficácia de quaisquer negócios jurídicos relacionados a programas;
II
- produção de efeitos fiscais e cambiais e legitimação de pagamentos, créditos ou
remessas correspondentes, quando for o caso, e sem prejuízo de outros requisitos e
condições estabelecidos em lei.
Art. 9º O cadastramento, para os fins do disposto no artigo anterior, terá validade
mínima de 3 (três) anos, e será renovado, automaticamente, pela Secretaria Especial de
Informática - SEI, observado o disposto no § 2º do citado artigo.
Parágrafo único. Da decisão que deferir ou denegar o pedido de cadastramento, caberá
recurso ao Conselho Nacional de Informática e Automação - CONIN, observado o disposto
no Regimento Interno deste Conselho.
Art. 10. Para os efeitos desta lei, um programa de computador será considerado similar a
outro, quando atender às seguintes condições:
a)
ser funcionalmente equivalente, considerando que deve:
I -
ser original e desenvolvido independentemente;
II
- ter, substancialmente, as mesmas características de desempenho, considerando o tipo de
aplicação a que se destina;
III
- operar em equipamento similar e em ambiente de processamento similar;
b)
observar padrões nacionais estabelecidos, quando pertinentes;
c)
(Vetado);
d)
executar, substancialmente, as mesmas funções, considerando o tipo de aplicação a que
se destina e as características do mercado nacional.
Art. 11. Fica estipulado o prazo de 120 (cento e vinte) dias para que a Secretaria
Especial de Informática - SEI se manifeste sobre o pedido de cadastramento (Vetado),
contado a partir da data do respectivo protocolo.
Art. 12. Às empresas não nacionais, o cadastramento será concedido, exclusivamente, a
programas de computador que se apliquem a equipamentos produzidos no País ou no exterior,
aqui comercializados por empresas desta mesma categoria.
Art. 13. Será tornado sem efeito, a qualquer tempo, o cadastramento de programa de
computador:
I -
por sentença judicial transitada em julgado;
II
- por ato administrativo, quando comprovado que as informações apresentadas pelo
interessado para instruir o pedido de cadastramento não forem verídicas.
Art. 14. A Secretaria Especial de Informática - SEI poderá cobrar emolumentos pelos
serviços de cadastro (Vetado), conforme tabela própria a ser aprovada pelo Ministério
da Ciência e Tecnologia. (Extinto pela Lei
nº 8.522, de 1992)
Art. 15. O Fundo Especial de Informática e Automação, de que trata a
Lei nº 7.232, de
29 de outubro de 1984, será destinado ao financiamento a programas de:
a)
pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de informática e automação;
b)
formação de recursos humanos em informática;
c)
aparelhamento dos Centros de Pesquisas em Informática, com prioridade às Universidades
Federais e Estaduais;
d)
capitalização dos Centros de Tecnologia e Informática, criados em consonância com as
diretrizes do Plano Nacional de Informática e Automação - PLANIN.
Parágrafo único. O Fundo Especial de Informática e Automação será constituído de:
a)
dotações orçamentárias;
b)
quotas de contribuição;
c)
doações de origem interna ou externa.
Art. 23. Os suportes físicos de programas de computador e respectivas embalagens, assim
como os contratos a eles referentes deverão consignar, de forma facilmente legível pelo
usuário, o número de ordem de cadastro, (Vetado) e o prazo de validade técnica da
versão comercializada.
Art. 24. O titular dos direitos de comercialização de programas de computador, durante o
prazo de validade técnica da respectiva versão, fica obrigado a:
I -
divulgar, sem ônus adicional, as correções de eventuais erros;
II
- assegurar, aos respectivos usuários, a prestação de serviços técnicos
complementares relativos ao adequado funcionamento do programa de computador, consideradas
as suas especificações e as particularidades do usuário.
Art. 25. O titular dos direitos dos programas de computador, durante o prazo de validade
técnica, tratado nos artigos imediatamente anteriores, não poderá retirá-los de
circulação comercial, sem a justa indenização de eventuais prejuízos causados a
terceiros.
Art. 26. O titular dos direitos de programas de computador e de sua comercialização
responde, perante o usuário, pela qualidade técnica adequada, bem como pela qualidade da
fixação ou gravação dos mesmos nos respectivos suportes físicos, cabendo ação
regressiva contra eventuais antecessores titulares desses mesmos direitos.
Art. 27. A exploração econômica de programas de computador, no País, será objeto de
contratos de licença ou de cessão, livremente pactuados entre as partes, e nos quais se
fixará, quanto aos tributos e encargos exigíveis no País, a responsabilidade pelos
respectivos pagamentos.
Parágrafo único. Serão nulas as cláusulas que:
a)
fixem exclusividade;
b) limitem a produção, distribuição e
comercialização;
c)
eximam qualquer dos contratantes da responsabilidade por eventuais ações de terceiros,
decorrente de vícios, defeitos ou violação de direitos de autor.
Art. 28. A comercialização de programas de computador, ressalvado o disposto no art. 12
desta lei, somente é permitida a empresas nacionais que celebrarão, com os fornecedores
não nacionais, os contratos de cessão de direitos ou licença, nos termos desta lei.
Parágrafo único. A aprovação pelos órgãos competentes do Poder Executivo, dos atos e
contratos relativos à comercialização de programas de computador de origem externa, é
condição prévia e essencial para:
a)
possibilitar o cadastramento do programa;
b)
permitir a dedutibilidade fiscal, respeitadas as normas previstas na legislação
específica;
c)
possibilitar a remessa ao exterior dos montantes devidos, de acordo com esta lei e demais
disposições legais aplicáveis.
Art. 29. A aprovação e a averbação serão concedidas aos atos e contratos, relativos a
programa de origem externa, que estabelecerem remuneração do autor, cessionário
residente ou domiciliado no exterior, a preço certo por cópia e respectiva
documentação técnica, que não exceda o valor médio mundial praticado na
distribuição do mesmo produto, não sendo permitido pagamento calculado em função de
produção, receita ou lucro do cessionário ou do usuário.
1º
Excluem-se da permissão deste artigo as empresas não nacionais, a elas assegurada, em
decorrência da comercialização regulada pelo art. 12 desta lei, a remessa de divisas
previstas nas disposições e nos limites da Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962, e
legislação posterior.
2º
A nota fiscal emitida pelo titular dos correspondentes direitos ou seus representantes
legais, que comprove a comercialização de programas de computador de origem externa,
será o suficiente para possibilitar os pagamentos previstos no caput deste artigo.
Art. 30. Será permitida a importação ou o internamento, conforme o caso, de cópia
única de programa de computador, destinado à utilização exclusiva pelo usuário final,
(Vetado).
Art. 31. Nos casos de transferência de tecnologia de programas de computador, será
obrigatória, inclusive para fins de pagamento e dedutibilidade da respectiva
remuneração, e demais efeitos previstos nesta lei, a averbação do contrato no
Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI.
Parágrafo único. Para averbação de que trata este artigo, além da inexistência de
capacitação tecnológica nacional, fica obrigatório o fornecimento, por parte do
fornecedor ao receptor de tecnologia, da documentação completa, em especial do
código-fonte comentado, memorial descritivo, especificações funcionais e internas,
diagramas, fluxogramas e outros dados técnicos necessários à absorção da tecnologia.
Art. 32. As pessoas jurídicas poderão deduzir, até o dobro, como despesa operacional,
para efeito de apuração do lucro tributável pelo Imposto de Renda e Proventos de
Qualquer Natureza, os gastos realizados com a aquisição de programas de computador,
quando forem os primeiros usuários destes, desde que os programas se enquadrem como de
relevante interesse, observado o disposto nos arts. 15 e
19 da Lei nº 7.232, de 29 de
outubro de 1984. Vide Lei nº 8.034, de 1990
(Revogado pela Lei
nº 8.402, de 1992
§
1º Paralelamente, como forma de incentivo, a utilização de programas de computador
desenvolvidos no País por empresas privadas nacionais será levada em conta para efeito
da concessão dos incentivos previstos no art. 13 da Lei nº 7.232, de 29 de outubro de
1984, bem como de financiamentos com recursos públicos.
(Revogado pela Lei
nº 8.402, de 1992
§ 2º Os órgãos e entidades da Administração
Pública Direta ou Indireta, Fundações, instituídas ou mantidas pelo Poder
Público e as demais entidades sob o controle direto ou indireto do Poder Público
darão preferência, em igualdade de condições, na utilização de programas de computador desenvolvidos no País por empresas privadas
nacionais, de conformidade com o que estabelece o art. 11 da Lei nº 7.232, de 29 de
outubro de 1984.
(Revogado pela Lei
nº 8.402, de 1992
§
3º A participação do Estado na comercialização de programas de computador obedecerá
ao disposto no inciso II do art. 2º da Lei nº 7.232, de 29 de outubro de 1984.
(Revogado pela Lei
nº 8.402, de 1992
Art. 33. As ações de nulidade do registro ou do cadastramento, que correrão em segredo
de justiça, poderão ser propostas por qualquer interessado ou pela União Federal.
Art. 34. A nulidade do registro constitui matéria de defesa nas ações cíveis ou
criminais, relativas à violação dos direitos de autor de programa de computador.
Art. 35. Violar direitos de autor de programas de computador:
Pena - Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
Art. 37. Importar, expor, manter em depósito, para fins de comercialização, programas
de computador de origem externa não cadastrados:
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica a programas internados
exclusivamente para demonstração ou aferição de mercado em feiras ou congressos de
natureza técnica, científica ou industrial.
Art. 38. A ação penal, no crime previsto no art. 35, (Vetado) desta lei, é promovida
mediante queixa, salvo quando praticado em prejuízo da União, Estado, Distrito Federal,
Município, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação sob
supervisão ministerial.
Parágrafo único. A ação penal e as diligências preliminares de busca e apreensão, no
crime previsto no art. 35 desta lei, serão precedidas de vistoria, podendo o juiz ordenar
a apreensão das cópias produzidas ou comercializadas com violação de direito de autor,
suas versões e derivações, em poder do infrator ou de quem as esteja expondo, mantendo
em depósito, reproduzindo ou comercializando.
Art. 39. Independentemente da ação penal, o prejudicado poderá intentar ação para
proibir ao infrator a prática do ato incriminado, com a cominação de pena pecuniária
para o caso de transgressão do preceito (art. 287 do Código de Processo Civil).
1º
A ação de abstenção de prática de ato poderá ser cumulada com a de perdas e danos
pelos prejuízos decorrentes da infração.
2º
A ação civil, proposta com base em violação dos direitos relativos à propriedade
intelectual sobre programas de computador, correrá em segredo de justiça.
3º
Nos procedimentos cíveis, as medidas cautelares de busca e apreensão observarão o
disposto no parágrafo único do art. 38 desta lei.
4º
O juiz poderá conceder medida liminar, proibindo ao infrator a prática do ato
incriminado, nos termos do caput deste artigo, independentemente de ação cautelar
preparatória.
5º
Será responsabilizado por perdas e danos aquele que requerer e promover as medidas
previstas neste e no artigo anterior, agindo de má-fé ou por espírito de emulação,
capricho ou erro grosseiro, nos termos dos arts. 16, 17 e
18 do Código de Processo Civil.
Art. 40. Prescreve em 5 (cinco) anos a ação civil por ofensa a direitos patrimoniais do
autor.
Art. 41. Prescrevem, igualmente em 5 (cinco) anos, as ações fundadas em inadimplemento
das obrigações decorrentes, contado o prazo da data:
a)
que constitui o termo final de validade técnica de versão posta em comércio;
b)
da cessação da garantia, no caso de programas de computador desenvolvidos e elaborados
por encomenda;
c)
da licença de uso de programas de computador.
Art. 42. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Parágrafo único. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 120 (cento e
vinte) dias, a contar da data de sua publicação.
Art. 43. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 18 de dezembro de 1987; 166º da Independência e 99º da República.
JOSÉ SARNEY
Luiz Henrique da Silveira
Este texto não substitui o
publicado no DOU de 22.12.1987
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