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Presidência da República
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Revogado pelo Decreto nº 9.847, de 2019 |
Regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema Nacional de Armas e o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas. |
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003,
DECRETA:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, com o objetivo de estabelecer regras e procedimentos para a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a comercialização de armas de fogo e de munição e de dispor sobre a estruturação do Sistema Nacional de Armas - Sinarm e do Sistema de Gerenciamento Militar de Armas - Sigma.
Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se:
I - arma de fogo de uso
permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que
sejam:
a) de porte, cujo calibre
nominal, com a utilização de munição comum, não
atinja, na saída
do cano
de prova,
energia cinética
superior a mil e duzentas libras-pé
ou mil seiscentos e vinte
joules;
b) portáteis de alma lisa; ou
c) portáteis
de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não
atinja, na saída do cano
de prova,
energia cinética superior a mil e duzentas
libras-pé
ou mil seiscentos e vinte
joules;
II - arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas,
semiautomáticas ou de repetição que sejam:
a) não portáteis;
b) de porte, cujo calibre
nominal, com a utilização de munição comum,
atinja, na
saída
do cano
de prova,
energia cinética
superior a mil e duzentas libras-pé
ou
mil seiscentos e vinte
joules; ou
c) portáteis
de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum,
atinja,
na saída do cano
de prova,
energia cinética superior a mil e duzentas
libras-pé
ou
mil seiscentos e vinte
joules;
III - arma de fogo de uso proibido:
a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou
b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos;
IV - munição
de uso restrito - as munições
que:
a) atinjam,
na saída
do
cano
de prova de armas
de porte ou portáteis
de alma raiada,
energia cinética
superior a mil e duzentas libras-pé
ou mil seiscentos e vinte
joules;
b) sejam
traçantes,
perfurantes ou
fumígenas;
c) sejam
granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal; ou
d) sejam
rojões,
foguetes, mísseis ou bombas de
qualquer natureza;
V - munição de uso proibido - as munições que sejam assim definidas em acordo ou tratado internacional de que a República Federativa do Brasil seja signatária e as munições incendiárias ou químicas;
VI - arma de fogo
obsoleta - as armas de fogo que não
se prestam ao uso efetivo em caráter permanente, em razão de:
a) sua munição e seus elementos de munição não serem mais produzidos; ou
b) sua produção ou seu modelo ser muito antigo e fora de uso, caracterizada como relíquia ou peça de coleção inerte;
VII - arma de fogo de porte - as armas de fogo de dimensões e peso reduzidos que podem ser disparadas pelo atirador com apenas uma de suas mãos, a exemplo de pistolas, revólveres e garruchas;
VIII - arma de fogo portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser transportada por uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda;
IX - arma de fogo não portátil - as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, precisam ser transportadas por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos, automotores ou não, ou sejam fixadas em estruturas permanentes;
X - munição - cartucho completo ou seus componentes, incluídos o estojo, a espoleta, a carga propulsora, o projétil e a bucha utilizados em armas de fogo;
XI
- cadastro de arma de fogo - inclusão da arma de fogo de produção nacional
ou importada em banco de dados, com a descrição de suas características;
XII - registro - matrícula da arma de fogo que esteja vinculada à identificação do respectivo proprietário em banco de dados;
XIII - registros precários - dados referentes ao estoque de armas de fogo, acessórios e munições das empresas autorizadas a comercializá-los;
XIV - registros próprios - aqueles realizados por órgãos, instituições e corporações em documentos oficiais de caráter permanente;
XV - porte de trânsito - direito concedido aos colecionadores, aos atiradores e aos caçadores que estejam devidamente registrados no Comando do Exército e aos representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no País, de transitar com as armas de fogo de seus respectivos acervos para realizar as suas atividades; e
XVI - atividade profissional de risco - atividade profissional em decorrência da qual o indivíduo esteja inserido em situação que ameace sua existência ou sua integridade física em razão da possibilidade de ser vítima de delito que envolva violência ou grave ameaça.
§ 1º
Fica proibida a produção de réplicas
e simulacros que possam ser confundidos com arma de fogo, nos termos do
disposto no art. 26 da Lei nº
10.826, de 2003, que não sejam classificados como arma de pressão nem
destinados
à
instrução, ao adestramento, ou
à
coleção
de usuário
autorizado.
§ 2º
O Comando do Exército
estabelecerá
os parâmetros
de aferição e a listagem dos calibres nominais que se enquadrem nos limites
estabelecidos nos incisos I, II e IV do caput, no prazo de
sessenta dias, contado da data de publicação deste Decreto.
CAPÍTULO II
DOS SISTEMAS DE CONTROLE DE ARMAS DE FOGO
Seção I
Do Sistema Nacional de Armas
Art. 3º O Sinarm, instituído no âmbito da Polícia Federal do Ministério da Justiça e Segurança Pública, manterá cadastro nacional, das armas de fogo importadas, produzidas e comercializadas no País.
§ 1º A Polícia Federal manterá o registro de armas de fogo de competência do Sinarm.
§ 2º Serão cadastrados no Sinarm:
I - os armeiros em atividade no País e as respectivas licenças para o exercício da atividade profissional;
II - os produtores, os atacadistas, os varejistas, os exportadores e os importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;
III - os instrutores de armamento e de tiro credenciados para a aplicação de teste de capacidade técnica, ainda que digam respeito a arma de fogo de uso restrito; e
IV - os psicólogos credenciados para a aplicação do exame de aptidão
psicológica a que se refere o
inciso III do caput do art. 4º da Lei
nº 10.826, de 2003.
§ 3º Serão cadastradas no Sinarm as armas de fogo:
I - importadas, produzidas e comercializadas no País, de uso permitido ou restrito, exceto aquelas pertencentes às Forças Armadas e Auxiliares, ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e à Agência Brasileira de Inteligência;
II - apreendidas, ainda que não constem dos cadastros do Sinarm ou do Sigma, incluídas aquelas vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
III - institucionais, observado o disposto no inciso I, constantes de cadastros próprios:
a) da Polícia Federal;
b) da Polícia Rodoviária Federal;
c) da Força Nacional de Segurança Pública;
d) do Departamento Penitenciário Nacional;
e) das polícias civis dos Estados e do Distrito Federal;
f) dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, a que se referem, respectivamente, o inciso IV do caput do art. 51 e o inciso XIII do caput do art. 52 da Constituição;
g) das guardas municipais;
h) dos órgãos públicos aos quais sejam vinculados os agentes e os guardas prisionais e os integrantes das escoltas de presos dos Estados e das guardas portuárias;
i) dos órgãos do Poder Judiciário, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma do regulamento estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça;
j) dos órgãos dos Ministérios Públicos da União, dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma do regulamento estabelecido pelo Conselho Nacional do Ministério Público;
k) da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia, adquiridas para uso dos integrantes da Carreira de Auditoria da Receita Federal do Brasil, compostos pelos cargos de Auditor-Fiscal e Analista-Tributário;
l) do órgão ao qual se vincula a Carreira de Auditoria-Fiscal do Trabalho, adquiridas para uso de seus integrantes;
m) dos órgãos públicos cujos servidores tenham autorização, concedida por legislação específica, para portar arma de fogo em serviço e que não tenham sido mencionados nas alíneas “a” a “l”; e
n) do Poder Judiciário e do Ministério Público, adquiridas para uso de seus membros;
IV - dos integrantes:
a) da Polícia Federal;
b) da Polícia Rodoviária Federal;
c) do Departamento Penitenciário Nacional;
d) das polícias civis dos Estados e do Distrito Federal;
e) dos órgãos policiais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, a que se referem, respectivamente, o inciso IV do caput do art. 51 e o inciso XIII do caput do art. 52 da Constituição;
f) das guardas municipais;
g) dos quadros efetivos dos agentes e guardas prisionais, das escoltas de presos dos Estados e das guardas portuárias;
h) do quadro efetivo dos órgãos do Poder Judiciário que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma do regulamento estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça;
i) do quadro efetivo dos órgãos dos Ministérios Públicos da União, dos Estados e do Distrito Federal e Territórios que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma do regulamento estabelecido pelo Conselho Nacional do Ministério Público;
j) dos quadros efetivos da Carreira de Auditoria da Receita Federal do
Brasil
da Secretaria
Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia,
composta pelos cargos de Auditor-Fiscal e Analista-Tributário, e da Carreira
de Auditoria-Fiscal do Trabalho;
k) dos quadros efetivos dos órgãos públicos cujos servidores tenham autorização, concedida por legislação específica, para portar arma de fogo em serviço e que não tenham sido mencionados nas alíneas “a” a “j”;
l) dos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público; e
m) das empresas de segurança privada e de transporte de valores;
V - dos instrutores de armamento e tiro credenciados pela Polícia Federal; e
VI - adquiridas por qualquer cidadão autorizado na forma do disposto no § 1º do art. 4º da Lei nº 10.826, de 2003.
§ 4º O disposto no inciso III ao inciso V do § 3º aplica-se às armas de fogo de uso restrito.
§ 5º O cadastramento de armas de fogo adulteradas, sem numeração ou com numeração raspada será feito no Sinarm com as características que permitam a sua identificação.
§ 6º Serão, ainda, cadastradas no Sinarm as ocorrências de extravio, furto, roubo, recuperação e apreensão de armas de fogo de uso permitido ou restrito.
§ 7º As ocorrências de extravio, furto, roubo, recuperação e apreensão de armas de fogo deverão ser imediatamente comunicadas à Polícia Federal pela autoridade competente e as armas de fogo recuperadas ou apreendidas poderão ser recolhidas aos depósitos do Comando do Exército para guarda.
§ 8º A Polícia Federal deverá informar às secretarias de segurança pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e as autorizações de porte de armas de fogo existentes nos respectivos territórios.
§ 9º A Polícia Federal poderá celebrar convênios com os órgãos de segurança pública dos Estados e do Distrito Federal para possibilitar a integração de seus sistemas correlatos ao Sinarm.
§ 10. As especificações e os procedimentos para o cadastro das armas de fogo de que trata este artigo serão estabelecidos em ato do Diretor-Geral da Polícia Federal.
§ 11. O registro e o cadastro das armas de fogo a que se refere o inciso II do § 3º serão feitos por meio de comunicação das autoridades competentes à Polícia Federal.
§ 12. Sem prejuízo do disposto neste artigo, as unidades de criminalística da União, dos Estados e do Distrito Federal responsáveis por realizar perícia em armas de fogo apreendidas deverão encaminhar, trimestralmente, arquivo eletrônico com a relação das armas de fogo periciadas para cadastro e eventuais correções no Sinarm, na forma estabelecida em ato do Diretor-Geral da Polícia Federal.
Seção II
Do
Sistema de Gerenciamento Militar de Armas
Art. 4º O Sigma, instituído no âmbito do Comando do Exército do Ministério da Defesa, manterá cadastro nacional das armas de fogo importadas, produzidas e comercializadas no País que não estejam previstas no art. 3º.
§ 1º O Comando do Exército manterá o registro de proprietários de armas de fogo de competência do Sigma.
§ 2º Serão cadastradas no Sigma as armas de fogo:
I - institucionais, constantes de registros próprios:
a) das Forças Armadas;
b) das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares dos Estados e do Distrito Federal;
c) da Agência Brasileira de Inteligência; e
d) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
II - dos integrantes:
a) das Forças Armadas;
b) das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares dos Estados e do Distrito Federal;
c) da Agência Brasileira de Inteligência; e
d) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
III - obsoletas;
IV - das representações diplomáticas; e
V - importadas ou adquiridas no País com a finalidade de servir como instrumento para a realização de testes e avaliações técnicas.
§ 3º O disposto no § 2º aplica-se às armas de fogo de uso permitido.
§ 4º Serão, ainda, cadastradas no Sigma as informações relativas às importações e às exportações de armas de fogo, munições e demais produtos controlados.
§ 5º Os processos de autorização para aquisição, registro e cadastro de armas de fogo no Sigma tramitarão de maneira descentralizada, na forma estabelecida em ato do Comandante do Exército.
Seção III
Do cadastro e da gestão dos Sistemas
Art. 5º O Sinarm e o Sigma conterão, no mínimo, as seguintes informações, para fins de cadastro e de registro das armas de fogo, conforme o caso:
I - relativas à arma de fogo:
a) o número do cadastro no Sinarm ou no Sigma, conforme o caso;
b) a identificação do produtor e do vendedor;
c) o número e a data da nota fiscal de venda;
d) a espécie, a marca e o modelo;
e) o calibre e a capacidade dos cartuchos;
f) a forma de funcionamento;
g) a quantidade de canos e o comprimento;
h) o tipo de alma, lisa ou raiada;
i) a quantidade de raias e o sentido delas;
j) o número de série gravado no cano da arma de fogo; e
k) a identificação do cano da arma de fogo, as características das impressões de raiamento e de microestriamento do projétil disparado; e
II - relativas ao proprietário:
a) o nome, a filiação, a data e o local de nascimento;
b) o domicílio e o endereço residencial;
c) o endereço da empresa ou do órgão em que trabalhe;
d) a profissão;
e) o número da cédula de identidade, a data de expedição, o órgão e o ente federativo expedidor; e
f) o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ.
§ 1º Os produtores e os importadores de armas de fogo informarão à Polícia Federal, no prazo de quarenta e oito horas, para fins de cadastro no Sinarm, quando da saída do estoque, relação das armas produzidas e importadas, com as informações a que se refere o inciso I do caput e os dados dos adquirentes.
§ 2º As empresas autorizadas
pelo Comando
do Exército a comercializar armas de fogo,
munições e acessórios encaminharão as informações
a que se referem os incisos I e II do caput à Polícia Federal ou ao
Comando do Exército, para fins de cadastro e registro da arma de fogo, da
munição ou do acessório no Sinarm ou no Sigma, conforme o caso, no prazo de
quarenta e oito horas, contado da data de efetivação da venda.
§ 3º Os adquirentes informarão a aquisição de armas de fogo, munições ou acessórios à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, para fins de registro da arma de fogo, da munição ou do acessório no Sinarm ou no Sigma, conforme o caso, no prazo de sete dias úteis, contado da data de sua aquisição, com as seguintes informações:
I - a identificação do produtor, do importador ou do comerciante de quem as armas de fogo, as munições e os acessórios tenham sido adquiridos; e
II - o endereço em que serão armazenadas as armas de fogo, as munições e os acessórios adquiridos.
§ 4º Na hipótese de
estarem relacionados a integrantes da Agência Brasileira de Inteligência, o
cadastro e o registro
das armas de fogo, das munições e dos acessórios no Sigma estarão
restritos ao número da matrícula funcional, no que se refere à qualificação
pessoal, inclusive nas operações de compra e venda e nas ocorrências de
extravio, furto, roubo ou recuperação de arma de fogo ou de seus documentos.
§ 5º Fica vedado o registro ou a renovação de registro de armas de fogo adulteradas, sem numeração ou com numeração raspada.
§ 6º
Os dados necessários ao cadastro das informações a que se refere a alínea
“k” do inciso I do caput serão enviados ao Sinarm ou ao Sigma,
conforme o caso:
I - pelo produtor, conforme marcação e testes por ele realizados; ou
II - pelo importador, conforme marcação e testes realizados, de acordo com padrões internacionais, pelo produtor ou por instituição por ele contratada.
Art. 6º As regras referentes ao credenciamento e à fiscalização de psicólogos, instrutores de tiro e armeiros serão estabelecidas em ato do Diretor-Geral da Polícia Federal.
Art. 7º O Comando do Exército fornecerá à Polícia Federal as informações necessárias ao cadastramento dos produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores autorizados de arma de fogo, acessórios e munições do País.
Art. 8º Os dados do Sinarm e do Sigma serão compartilhados entre si e com o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública - Sinesp.
Parágrafo único. Ato conjunto do Diretor-Geral da Polícia Federal e do Comandante do Exército estabelecerá as regras para interoperabilidade e compartilhamento dos dados existentes no Sinarm e no Sigma, no prazo de um ano, contado da data de entrada em vigor deste Decreto.
Art. 9º Fica permitida a venda de armas de fogo de porte e portáteis,
munições e acessórios por estabelecimento comercial credenciado pelo Comando
do Exército.
Art. 10. Os estabelecimentos que comercializarem armas de fogo, munições e
acessórios ficam obrigados a comunicar, mensalmente, à Polícia Federal ou ao
Comando do Exército, conforme o caso, as vendas que efetuarem e a quantidade
de mercadorias disponíveis em estoque.
§ 1º As mercadorias disponíveis em estoque são de responsabilidade do estabelecimento comercial e serão registradas, de forma precária, como de sua propriedade, enquanto não forem vendidas.
§ 2º Os estabelecimentos a que se refere o caput manterão à disposição da Polícia Federal e do Comando do Exército a relação dos estoques e das vendas efetuadas mensalmente nos últimos cinco anos.
§ 3º Os procedimentos e a forma pela qual será efetivada a comunicação a que se refere o caput serão disciplinados em ato do Comandante do Exército ou do Diretor-Geral da Polícia Federal, conforme o caso.
Art. 11. A comercialização de armas de fogo, de acessórios, de munições e
de insumos para recarga só poderá ser efetuada em estabelecimento comercial
credenciado pelo Comando do Exército.
Art. 12. A aquisição de munição ou insumos para recarga ficará condicionada
apenas
à
apresentação pelo adquirente de documento de identificação válido e do
Certificado de Registro de Arma de Fogo no Sinarm ou no Sigma, conforme o
caso, e ficará restrita ao calibre correspondente
à
arma de fogo registrada.
§ 1º O
proprietário
de arma de fogo poderá adquirir até
mil munições anuais para cada arma de fogo de uso restrito e cinco mil
munições para as de uso permitido registradas em seu nome e comunicará a
aquisição ao Comando do Exército
ou
à
Polícia Federal, conforme o caso, no prazo de setenta e duas horas, contado
da data de efetivação da
compra, observado o disposto no inciso II do § 3º do art. 5º.
§ 2º Não estão sujeitos ao limite de que trata o § 1º:
I - aqueles de que tratam o inciso I ao inciso VII do caput do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, quando a munição adquirida for destinada a arma de fogo institucional sob sua responsabilidade ou de sua propriedade;
II - as munições adquiridas por entidades de tiro e estandes de tiro devidamente credenciados para fornecimento para seus membros, associados, integrantes ou clientes; e
III - as munições adquiridas para aplicação de teste de capacidade técnica pelos instrutores de armamento e de tiro credenciados pela Polícia Federal.
§ 3º
A
critério do Comando do Exército, poderá ser concedida autorização para a
aquisição de munição em quantidade superior ao limite estabelecido no § 1º.
Art. 13. Para fins de aquisição de arma de fogo de uso permitido e de
emissão do Certificado de Registro de Arma de Fogo, o interessado deverá:
I - ter, no mínimo, vinte e cinco anos de idade;
II - apresentar original e cópia de documento de identificação pessoal;
III - comprovar a idoneidade moral e a inexistência de inquérito policial ou processo criminal, por meio de certidões de antecedentes criminais das Justiças Federal, Estadual, Militar e Eleitoral;
IV - apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e de residência fixa;
V - comprovar, periodicamente, a capacidade técnica para o manuseio da arma de fogo;
VI - comprovar a aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestada em laudo conclusivo fornecido por psicólogo credenciado pela Polícia Federal; e
VII – declaração de que exerce em atividade de risco ou que se encontre em situação que ameace a sua integridade física.
§ 1º O indeferimento do pedido para aquisição a que se refere o caput será comunicado ao interessado em documento próprio e apenas poderá ter como fundamento:
I - a comprovação documental de que:
a) não são verdadeiros os fatos e as circunstâncias afirmados pelo interessado na declaração a que se refere o inciso VII do caput;
b) o interessado instruiu o pedido com declarações ou documentos falsos; ou
c) o interessado mantém vínculo com grupos criminosos ou age como pessoa interposta de quem não preenche os requisitos a que se referem os incisos I a VII do caput;
II - o interessado não ter a idade mínima exigida no inciso II do caput; ou
III - a não apresentação de um ou mais documentos a que se referem o inciso III ao inciso VII do caput.
§ 2º Serão exigidas as certidões de antecedentes a que se refere o inciso III do caput apenas do local de domicílio do requerente, que apresentará declaração de inexistência de inquéritos policiais ou processos criminais contra si em trâmite nos demais entes federativos.
§ 3º O comprovante de capacidade técnica de que trata o inciso V do caput deverá ser expedido por instrutor de armamento e de tiro credenciado pela Polícia Federal no Sinarm e deverá atestar, necessariamente:
I - conhecimento da conceituação e das normas de segurança relativas a arma de fogo;
II - conhecimento básico dos componentes e das partes da arma de fogo para a qual foi requerida a autorização de aquisição; e
III - habilidade no uso da arma de fogo demonstrada pelo interessado em estande de tiro credenciado pelo Comando do Exército ou pela Polícia Federal.
§ 4º Cumpridos os requisitos a que se refere o caput, será expedida pelo Sinarm, no prazo de até trinta dias, contado da data do protocolo da solicitação, a autorização para a aquisição da arma de fogo em nome do interessado.
§ 5º É pessoal e intransferível a autorização para a aquisição da arma de fogo de que trata o § 4º.
§ 6º Fica dispensado da comprovação de cumprimento dos requisitos a que se referem os incisos V e VI do caput o interessado em adquirir arma de fogo que:
I - comprove estar autorizado a portar arma de fogo da mesma espécie daquela a ser adquirida, desde que o porte de arma de fogo esteja válido; e
II - tenha se submetido às avaliações técnica e psicológica no prazo estabelecido para obtenção ou manutenção do porte de arma de fogo.
§ 7º Para fins de aquisição de arma de fogo de uso restrito, o interessado deverá solicitar autorização prévia ao Comando do Exército.
§ 8º A autorização será concedida, para fins de controle da dotação, mediante prévia comunicação acerca da intenção de aquisição, para:
I - os órgãos e as instituições a que se referem o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e o art. 144 da Constituição;
II - o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
III - a Agência Brasileira de Inteligência;
IV - o Departamento Penitenciário Nacional e os órgãos prisionais e socioeducativos estaduais e distritais; e
V - as guardas municipais.
§ 9º O disposto no § 7º se aplica às aquisições de munições e acessórios das armas de uso restrito adquiridas.
§ 10. A autorização para aquisição de armas de fogo de porte e de armas de fogo portáteis será concedida, desde que comprovado o cumprimento dos requisitos legais, observado o limite de até cinco armas de fogo:
I - para os integrantes dos órgãos, das instituições e da corporação a que se referem o inciso I ao inciso IV do § 8º;
II - para as demais pessoas naturais autorizadas a adquirir arma de fogo de uso restrito nos termos estabelecidos na Lei nº 10.826, de 2003, ou em legislação específica e que não estejam mencionadas neste parágrafo; e
III - para os integrantes das Forças Armadas, nos termos estabelecidos no regulamento de cada Força ou da corporação.
§ 11. O disposto no §7º não se aplica aos Comandos Militares, nos termos do disposto no parágrafo único do art. 27 da Lei nº 10.826, de 2003.
§ 12. O certificado de registro concedido às pessoas jurídicas que comercializem ou produzam armas de fogo, munições e acessórios e aos clubes e às escolas de tiro, expedido pelo Comando do Exército, terá validade de dez anos.
§ 13. Poderão ser concedidas autorizações para aquisição de arma de fogo de uso restrito em quantidade superior aos limites estabelecidos no § 10, a critério do Comando do Exército.
§ 14. Ato do Comandante do Exército disporá sobre os procedimentos relativos à comunicação prévia a que se refere o § 8º e sobre as informações que dela devam constar.
Art. 14. A transferência de propriedade da arma de fogo entre particulares, por quaisquer das formas em Direito admitidas, será autorizada sempre que o adquirente cumprir os requisitos legais previstos para aquisição.
§ 1º A solicitação de autorização para transferência de arma de fogo será instruída com a comprovação de que é intenção do proprietário aliená-la a terceiro, vedado ao Comando do Exército e à Polícia Federal exigir o cumprimento de qualquer outro requisito ou formalidade por parte do alienante ou do adquirente para efetivar a autorização a que se refere o caput, para fins de cadastro e registro da arma de fogo no Sinarm.
§ 2º A entrega da arma de fogo pelo alienante ao adquirente só poderá ser efetivada após a devida autorização da Polícia Federal ou do Comando do Exército, conforme o caso.
§ 3º Na hipótese de transferência de arma de fogo entre sistemas de controle e enquanto os dados do Sigma e do Sinarm não estiverem compartilhados, na forma prevista no art. 8º, a Polícia Federal ou o Comando do Exército, conforme o caso, expedirá autorização de transferência para permitir que a arma de fogo seja migrada para o outro Sistema.
Art. 15. O proprietário de arma de fogo fica obrigado a comunicar, imediatamente, à polícia judiciária e ao Sinarm, o extravio, o furto, o roubo e a recuperação de arma de fogo ou do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
§ 1º A polícia judiciária remeterá, no prazo de quarenta e oito horas, contado da data de recebimento da comunicação, as informações coletadas à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, para fins de cadastro no Sinarm.
§ 2º Na hipótese de arma de fogo de uso restrito, a Polícia Federal encaminhará as informações ao Comando do Exército, para fins de cadastro no Sigma.
§ 3º Sem prejuízo do disposto no caput, o proprietário deverá, ainda, comunicar o ocorrido à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, conforme o caso, e encaminhar-lhe cópia do boletim de ocorrência.
Art. 16. Serão cassadas as autorizações de porte de arma de fogo do titular a que se referem o inciso VIII ao inciso XI do caput do art. 6º e o § 1º do art. 10 da Lei nº 10.826, de 2003, que esteja respondendo a inquérito ou a processo criminal por crime doloso.
§ 1º Nas hipóteses de que trata o caput, o proprietário entregará a
arma de fogo à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, conforme o caso,
mediante indenização na forma prevista no art. 51, ou providenciará a sua
transferência para terceiro, no prazo de sessenta dias, contado da data da
ciência do indiciamento ou do recebimento da denúncia ou da queixa pelo juiz.
§ 2º A cassação a que se refere o caput será determinada a partir do indiciamento do investigado no inquérito policial ou do recebimento da denúncia ou queixa pelo juiz.
§ 3º A autorização de posse e de porte de arma de fogo não será cancelada na hipótese de o proprietário de arma de fogo estar respondendo a inquérito ou ação penal em razão da utilização da arma em estado de necessidade, legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito, exceto nas hipóteses em que o juiz, convencido da necessidade da medida, justificadamente determinar.
§ 4º Na hipótese a que se refere o § 3º, a arma será apreendida quando for necessário periciá-la e será restituída ao proprietário após a realização da perícia mediante assinatura de termo de compromisso e responsabilidade, por meio do qual se comprometerá a apresentar a arma de fogo perante a autoridade competente sempre que assim for determinado.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se a todas as armas de fogo de propriedade do indiciado ou acusado.
§ 6º A apreensão da arma de fogo é de responsabilidade da polícia judiciária competente para a investigação do crime que motivou a cassação.
Art. 17. O porte de arma de fogo, expedido pela Polícia Federal, é pessoal, intransferível, terá validade no território nacional e garantirá o direito de portar consigo qualquer arma de fogo, acessório ou munição do acervo do interessado com registro válido no Sinarm ou no Sigma, conforme o caso, por meio da apresentação do documento de identificação do portador.
§ 1º A taxa estipulada para o porte de arma de fogo somente será recolhida após a análise e a aprovação dos documentos apresentados.
§ 2º O porte de arma de fogo de uso permitido será deferido às pessoas que cumprirem os requisitos previstos no § 1º do art. 10 da Lei nº 10.826, de 2003.
§ 3º São consideradas atividades profissionais de risco, para fins do disposto no inciso I do § 1º do art. 10 da Lei nº 10.826, de 2003, o exercício das seguintes profissões ou atividades:
I - instrutor de tiro ou armeiro credenciado pela Polícia Federal;
II - agente público, inclusive inativo:
a) da área de segurança pública;
b) da Agência Brasileira de Inteligência;
c) da administração penitenciária;
d) do sistema socioeducativo, desde que lotado nas unidades de internação de que trata o inciso VI do caput do art. 112 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente;
e) que exerça atividade com poder de polícia administrativa ou de correição em caráter permanente;
f) dos órgãos policiais das assembleias legislativas dos Estados e da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
g) detentor de mandato eletivo nos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelo período do exercício do mandato;
h) que seja oficial de justiça; e
i) de trânsito;
III - advogado;
IV - proprietário:
a) de estabelecimentos que comercializem armas de fogo; ou
b) de escolas de tiro;
V - dirigente de clubes de tiro;
VI - empregado de estabelecimentos que comercializem armas de fogo, de escolas de tiro e de clubes de tiro que sejam responsáveis pela guarda do arsenal armazenado nesses locais;
VI - profissional da imprensa que atue na cobertura policial;
VIII - conselheiro tutelar;
IX - motorista de empresa de transporte de cargas ou transportador autônomo de cargas;
X - proprietário ou empregado de empresas de segurança privada ou de transporte de valores;
XI - guarda portuário;
XII - integrante de órgão do Poder Judiciário que esteja efetivamente no exercício de funções de segurança; ou
XIII - integrante de órgão dos Ministérios Públicos da União, dos Estados ou do Distrito Federal que esteja efetivamente no exercício de funções de segurança.
§ 4º Considera-se ameaça à integridade física, para fins do disposto no inciso I do § 1º do art. 10 da Lei nº 10.826, de 2003, o fato de o requerente do porte de arma de fogo ser domiciliado em imóvel rural, assim definido aquele que se destina ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial, nos termos do disposto na Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, cuja posse seja justa, nos termos do disposto no art. 1.200 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.
§ 5º O porte de arma de fogo concedido nos termos do disposto no inciso II do § 4º terá sua territorialidade definida pela autoridade concedente.
§ 6º A autorização para portar arma de fogo a que se refere o inciso I do § 1º do art. 10 da Lei nº 10.826, de 2003, não será concedida para armas de fogo portáteis e não portáteis.
§ 7º Sem prejuízo do disposto no § 3º, a Polícia Federal poderá conceder o porte de arma de fogo para defesa pessoal para aqueles que exerçam outras profissões que se enquadrem no conceito de atividade profissional disposto no inciso XVI do caput do art. 2º.
Art. 18. O porte de arma de fogo é documento obrigatório para a condução da arma de fogo e conterá os seguintes dados:
I - prazo de validade de dez anos;
II - identificação do portador; e
III - assinatura, cargo e função da autoridade concedente.
Parágrafo único. Na hipótese de porte de arma de fogo decorrente de prerrogativa de função, o seu titular conduzirá o documento funcional ou equivalente que lhe garanta o porte.
Art. 19. O porte de arma
de fogo
é
revogável a qualquer tempo, desde que comprovado o descumprimento das
exigências legais e regulamentares para a sua concessão.
Art. 20.
O
titular do porte de arma de fogo ou o seu proprietário deverá comunicar
imediatamente:
I - a mudança
de domicílio
ou de endereço residencial ao
órgão expedidor do porte de
arma de fogo; e
II - o extravio, o furto,
o roubo ou a recuperação da arma de fogo ou do porte de arma de fogo à
unidade policial local.
§ 1º A polícia judiciária remeterá, no prazo de quarenta e oito horas, contado da data de recebimento da comunicação, as informações coletadas à Polícia Federal para fins de cadastro no Sinarm.
§ 2º A inobservância ao disposto neste artigo poderá implicar a suspensão do porte de arma de fogo até a regularização das informações.
Art. 21.
Fica
vedado ao titular de porte de arma de fogo concedido nos termos do disposto
no
art. 10 da Lei nº 10.826, de
2003,
exclusivamente para defesa pessoal, conduzi-la:
I - ostensivamente; e
II- em estado de embriaguez ou sob o efeito de drogas ou medicamentos controlados que provoquem alteração do desempenho intelectual ou motor.
§ 1º Aplicam-se ao titular a que se refere o caput as vedações previstas em legislação específica, em especial o disposto no art. 34 da Lei nº 10.826, de 2003, e no art. 13-A da Lei nº 10.671, de 15 de maio de 2003 - Estatuto do Torcedor.
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo prevista neste artigo perderá automaticamente a sua eficácia na hipótese de seu portador ser detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas, nos termos do disposto no § 2º do art. 10 da Lei nº 10.826, de 2003.
§ 3º A inobservância ao disposto no inciso I do caput implicará:
I - apreensão da arma; e
II - suspensão do direito ao porte de arma de fogo pelo prazo de um ano.
§ 4º Transcorrido o prazo a que se refere o inciso II do § 3º, o interessado deverá comprovar a sua aptidão psicológica e a sua capacidade técnica para o manuseio da arma de fogo.
§ 5º A autorização de porte de arma de fogo prevista neste artigo perderá definitivamente sua eficácia na hipótese de seu portador reincidir no descumprimento da vedação de que trata inciso I do caput.
§ 6º O disposto na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, deverá ser observado na aplicação das sanções previstas neste artigo.
Art. 22.
Será concedido pela Polícia Federal, nos termos do disposto no
§ 5º do art.
6º da Lei nº
10.826, de 2003, o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência,
de uma arma de fogo portátil, de uso permitido, de tiro simples, com um ou
dois canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a dezesseis, desde
que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual
serão anexados os seguintes documentos:
I -
comprovante
de residência
em área rural ou certidão equivalente expedida por
órgão
municipal ou distrital;
II - original e cópia
da cédula de identidade; e
III - atestado de bons antecedentes.
Parágrafo único. Aplicam-se ao portador do porte de arma de fogo de que trata este artigo as demais obrigações estabelecidas neste Decreto.
Art. 23. O porte de arma
de fogo é garantido aos militares e aos integrantes das instituições
policiais, das esferas federal, estadual e distrital, e aos policiais da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal em razão do desempenho de suas
funções institucionais.
§ 1º O porte de arma de
fogo é garantido às praças das Forças Armadas com estabilidade de que trata
a alínea “a” do inciso IV do caput do art. 50 da Lei nº 6.880, de 9
de dezembro de 1980
- Estatuto dos Militares.
§ 2º A autorização do porte de arma de fogo para as praças sem estabilidade assegurada será regulamentada em ato do Comandante da Força correspondente.
§ 3º Ato do Comandante da
Força correspondente
disporá
sobre as hipóteses excecpcionais de
suspensão,
cassação
e demais procedimentos relativos ao porte de arma de fogo de que trata este
artigo.
§ 4º Atos dos comandantes-gerais das corporações disporão sobre o porte de arma de fogo dos policiais militares e dos bombeiros militares.
§ 5º Os integrantes das
guardas municipais, no exercício de suas funções institucionais ou em
trânsito, poderão portar arma de fogo fora do respectivo Município, desde
que expressamente autorizados pela instituição
a que pertençam,
por prazo determinado, conforme estabelecido em normas próprias.
§ 6º O porte de arma de fogo a que se refere o caput abrange as armas particulares registradas no Sinarm ou no Sigma.
§ 7º
O porte de arma de fogo decorrente do exercício de função será suspenso ou
cassado por decisão judicial comunicada ao Sinarm ou ao Sigma, conforme o
caso.
§ 8º Será concedido porte de arma de fogo aos integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo e que comprovem o cumprimento dos requisitos previstos nos incisos II e III do § 1º do art. 10 da Lei nº 10.826, de 2003.
§ 9º O porte de arma de fogo a que se refere o § 8º será expedido pela Polícia Federal.
Art. 24.
A autorização para o porte de arma de fogo previsto em legislação
específica, nos termos do disposto no
caput do art. 6º da Lei nº
10.826, de 2003, fica condicionada ao cumprimento dos requisitos previstos
no inciso III do caput do art. 4º da referida Lei,
exceto se houver previsão diversa
em lei.
Art. 25.
Os órgãos,
as instituições e as corporações de que tratam os
incisos I, II, III,
V, VI, VII,
X e
XI do caput do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, editarão
normas para dispor sobre os procedimentos relativos
às
condições para a utilização, por seus integrantes, das armas de fogo
institucionais, ainda que fora do serviço
e para o uso da arma de fogo de propriedade particular em serviço.
§ 1º Os órgãos de que
trata o inciso IV do caput do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003,
editarão normas para dispor sobre os procedimentos relativos
às
condições para a utilização, em serviço, das armas de fogo institucionais.
§ 2º Os
órgãos e as instituições
que tenham os portes de arma de fogo de seus agentes públicos ou políticos
estabelecidos em lei específica, nos termos do disposto no
caput do
art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, encaminharão
à
Polícia Federal a relação dos agentes autorizados a portar arma de fogo,
observado, no que couber, o disposto no art. 21.
Art. 26.
Poderá ser autorizado,
em casos excepcionais, pelo
órgão competente, o uso em
serviço de arma de fogo de propriedade particular do integrante dos
órgãos,
das instituições ou das corporações de que trata o
inciso II do caput
do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003.
§ 1º A autorização de que
trata o caput será regulamentada em ato do titular do
órgão,
da instituição ou da corporação competente.
§ 2º A arma de fogo de que trata este artigo deverá ser conduzida com o seu Certificado de Registro de Arma de Fogo.
Art. 27. A
capacidade técnica e a aptidão psicológica para o manuseio de armas de fogo,
para os integrantes dos órgãos, das instituições e das corporações de que
tratam os incisos III, IV, V, VI, VII,
X e
XI do caput do art. 6º da
Lei nº 10.826, de 2003, serão atestados pelo próprio órgão, instituição ou
corporação, após serem cumpridos os requisitos técnicos e psicológicos
estabelecidos em ato do Diretor-Geral da Polícia Federal.
Parágrafo único. Caberá à Polícia Federal expedir o porte de arma de fogo para os guardas portuários.
Art. 28. Nos termos do
disposto no § 3º do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, a Polícia Federal,
diretamente ou por meio de convênio
com os
órgãos de segurança pública
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios:
I -
concederá
autorização para o funcionamento dos cursos de formação de guardas
municipais;
II - elaborará
o currículo
dos cursos que trata o inciso I;
III
- concederá
porte de arma de fogo institucional aos integrantes das guardas municipais;
IV - fiscalizará os cursos de que trata o inciso I; e
V - fiscalizará e controlará o armamento e a munição utilizados nos cursos de que trata o inciso I.
Art. 29.
Será
concedido porte de arma de fogo aos integrantes de
órgãos
e instituições
de que tratam os
incisos III e IV do caput do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, somente se comprovada a
realização de treinamento técnico
de, no mínimo, sessenta horas para armas de repetição e cem horas para arma
de fogo semiautomática.
§ 1º O treinamento de que
trata o caput terá, no mínimo, sessenta e cinco por cento de de sua
carga horária destinada a conteúdo prático.
§ 2º O curso de formação
dos profissionais das guardas municipais conterá técnicas
de tiro defensivo e de defesa pessoal.
§ 3º Os profissionais das
guardas municipais
com porte de
arma de fogo
serão submetidos a estágio de qualificação profissional por, no mínimo,
oitenta horas anuais.
Art. 30.
A Polícia Federal poderá conceder porte de arma de fogo, nos termos do
disposto no
§ 3º do art. 6º da Lei nº
10.826, de 2003,
às guardas municipais dos Municípios
que tenham instituído corregedoria própria e independente para a
apuração
de infrações
disciplinares atribuídas aos servidores integrantes da guarda municipal.
Parágrafo único. A
concessão a que se refere o caput
dependerá,
ainda,
da existência de ouvidoria, como
órgão
permanente, autônomo e independente, com competência
para fiscalizar, investigar, auditar e propor políticas de qualificação das
atividades desenvolvidas pelos integrantes das guardas municipais.
Art. 31. A Polícia
Federal poderá
celebrar convênios
com os
órgãos
de segurança pública dos Estados e do Distrito Federal para possibilitar a
integração ao Sinarm dos acervos policiais de armas de fogo já existentes,
em cumprimento ao disposto no
inciso VI do caput do art. 2º da Lei nº
10.826, de 2003.
Art. 32.
Os
militares reformados e os servidores aposentados dos
órgãos,
das instituições e das corporações de que tratam os
incisos II, III,
V, VI e
VII do caput do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, para conservarem o
porte de arma de fogo de sua propriedade serão submetidos, a cada
dez
anos, aos testes de
aptidão
psicológica de que trata o
inciso
III do caput do art. 4º da Lei nº 10.826, de 2003.
§ 1º O cumprimento dos
requisitos de que trata o caput será atestado pelos respectivos
órgãos,
instituições
e corporações.
§ 2º Os militares da reserva remunerada manterão as mesmas condições de porte de arma de fogo a eles concedidas quando estavam em serviço ativo.
§ 3º A prerrogativa estabelecida no caput poderá ser aplicada aos militares transferidos para a reserva não remunerada, conforme regulamentação a ser editada por cada Força Armada ou corporação.
§ 4º Os servidores
aposentados
dos órgãos,
das instituições e das corporações a que se referem os
incisos IV,
X e XI do caput do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003,
para conservarem o porte de arma de fogo de sua propriedade, deverão
comprovar o cumprimento dos requisitos a que se referem os
incisos II e III
do caput do art. 4º da Lei nº 10.826, de 2003, a cada
dez
anos.
Art. 33.
A entrada de arma de fogo e munição no País, como bagagem de atletas,
destinadas ao uso em competições internacionais será autorizada pelo Comando
do Exército.
§ 1º O porte de trânsito
das armas a serem utilizadas por delegações estrangeiras em competição
oficial de tiro no País será expedido pelo Comando do Exército.
§ 2º Os responsáveis
pelas delegações estrangeiras e brasileiras em competição oficial de tiro no
País
e os seus integrantes
transportarão as suas armas desmuniciadas.
Art. 34.
Observado o princípio da reciprocidade e o disposto em convenções
internacionais de que a República Federativa do Brasil seja signatária,
poderá ser autorizado o porte de arma de fogo pela Polícia Federal a
diplomatas de missões
diplomáticas
e consulares acreditados junto ao Governo brasileiro e a agentes de
segurança de dignitários estrangeiros durante sua permanência
no País, independentemente dos requisitos estabelecidos neste Decreto.
Parágrafo único. O Ministério
das Relações Exteriores se manifestará
previamente
à
decisão que conceder ou não o
porte de arma de fogo nas hipóteses a que se refere o
caput.
Art.
35.
As
empresas de segurança privada e de transporte de valores solicitarão
à
Polícia Federal
autorização para aquisição de armas de fogo.
§ 1º A autorização de que trata o caput:
I - será concedida se houver comprovação de que a empresa possui autorização de funcionamento válida e justificativa da necessidade de aquisição com base na atividade autorizada; e
II -
será
válida apenas para a utilização da arma de fogo em serviço.
§ 2º As empresas de que
trata o caput encaminharão, trimestralmente,
à
Polícia Federal a relação nominal dos vigilantes que utilizem armas de fogo
de sua propriedade.
§ 3º A transferência de armas de fogo entre
estabelecimentos da mesma empresa ou para empresa diversa será autorizada
pela Polícia Federal, desde que cumpridos os requisitos de que trata o § 1º.
§ 4º Durante o trâmite do
processo de transferência
de armas de fogo de que trata o § 3º, a Polícia Federal poderá autorizar a
empresa adquirente a utilizar as armas de fogo em fase de aquisição, em seus
postos de serviço, antes da expedição do novo Certificado de Registro de
Arma de Fogo.
§ 5º É vedada a utilização em serviço de arma de fogo particular do empregado das empresas de que trata este artigo.
§ 6º
É de responsabilidade das
empresas de segurança privada a guarda e o armazenamento das armas, das
munições e dos acessórios de sua propriedade,
nos termos da legislação
específica.
§ 7º A perda, o furto, o
roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, de acessório
e de munições que estejam sob a guarda das empresas de segurança privada e
de transporte de valores deverão ser comunicadas
à
Polícia Federal, no prazo de vinte e quatro horas, contado da ocorrência
do fato, sob pena de responsabilização do proprietário ou do responsável
legal.
Art. 36.
A
classificação legal, técnica
e geral e a definição das armas de fogo são as constantes deste Decreto e a
dos demais produtos controlados são aquelas constantes do
Decreto nº 9.493,
de 5 de setembro de 2018, e de sua legislação complementar.
CAPÍTULO III
DA
IMPORTAÇÃO E DA EXPORTAÇÃO
Art. 37. O Comando do
Exército autorizará a aquisição e a importação de armas de fogo, munições e
demais produtos controlados, mediante prévia comunicação, para os seguintes
órgãos, instituições e corporações:
I - a Polícia Federal;
II - a Polícia Rodoviária Federal;
III - o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
IV - a Agência Brasileira de Inteligência;
V - o Departamento Penitenciário Nacional;
VI - a Força Nacional de Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública;
VII - os órgãos policiais
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal a que se referem,
respectivamente, o
inciso IV do caput do art. 51 e o
inciso XIII do
caput do art. 52 da Constituição;
VIII - as polícias civis dos Estados e do Distrito Federal;
IX - as polícias militares dos Estados e do Distrito Federal;
X - os corpos de bombeiros militares dos Estados e do Distrito Federal;
XI - as guardas municipais; e
XII - os integrantes das Forças Armadas.
§ 1º Ato do Comandante do Exército disporá sobre os procedimentos relativos à comunicação prévia aque se refere o caput e sobre as informações que dela devam constar.
§ 2º Serão, ainda, autorizadas a importar armas de fogo, munições, acessórios e demais produtos controlados:
I - os integrantes das instituições a que se referem os incisos I a XI do caput;
II - pessoas naturais autorizadas a adquirir arma de fogo, munições ou acessórios, de uso permitido ou restrito, conforme o caso, nos termos do disposto no art. 13, nos limites da autorização obtida; e
III - os integrantes das Forças Armadas.
§ 3º Ato do Comandante do Exército disporá sobre as condições para a importação de armas de fogo, munições e demais produtos controlados a que se refere o § 2º.
§ 4º O disposto nesse artigo não se aplica aos comandos militares.
Art. 38. Compete ao
Comando do Exército:
I - autorizar e fiscalizar a produção, a exportação, a importação, o desembaraço alfandegário e o comércio de armas, munições e demais produtos controlados no território nacional;
II - manter banco de dados atualizado com as informações acerca das armas de fogo, acessórios e munições importados; e
III - editar normas:
a) para dispor sobre a forma de acondicionamento das munições em embalagens com sistema de rastreamento;
b) para dispor sobre a
definição dos dispositivos de segurança
e de identificação
de que trata o § 3º do art. 23 da Lei nº 10.826, de 2003;
c) para que,
na comercialização de munições para os órgãos referidos no art. 6º da Lei
nº 10.826, de 2003, estas contenham gravação na
base dos estojos que permita identificar o fabricante, o lote de venda e o
adquirente; e
d) para o controle da
produção,
da importação,
do comércio,
da utilização de simulacros de armas de fogo, nos termos do disposto no
parágrafo único do art. 26 da Lei nº 10.826, de 2003.
Parágrafo único. Para
fins do disposto no inciso III do caput, o Comando do Exército ouvirá
previamente o Ministério
da Justiça e Segurança Pública.
Art. 39.
Concedida a autorização a que se refere o art. 37, a importação de armas de
fogo, munições e demais produtos controlados pelas instituições e pelos
órgãos a que se referem o inciso I ao inciso XI do caput do art. 37
ficará sujeita ao regime de licenciamento automático da mercadoria.
Art. 40.
A
importação de armas de fogo,
munições e demais produtos controlados pelas pessoas a que se refere o § 2º
do art. 37 ficará sujeita ao regime de licenciamento não automático
prévio ao embarque da mercadoria no
exterior.
§ 1º O Comando do Exército expedirá o Certificado Internacional de Importação após a comunicação a que se refere o § 2º do art. 37.
§ 2º O Certificado Internacional de Importação a que se refere o § 1º terá validade até o término do processo de importação.
Art. 41. As instituições,
os órgãos e as pessoas de que trata o art. 37, quando interessadas na
importação de armas de fogo, munições e demais produtos controlados, deverão
preencher a Licença de Importação no Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex.
§ 1º O desembaraço aduaneiro das mercadorias ocorrerá após o cumprimento do disposto no caput.
§ 2º A Licença de Importação a que se refere o caput terá validade até o término do processo de importação.
Art. 42. As importações
realizadas pelas Forças Armadas serão comunicadas ao Ministério da Defesa.
Art. 43. A Secretaria
Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia e o Comando
do Exército
fornecerão
à
Polícia Federal as informações relativas
às
importações
de que trata este Capítulo e que devam constar do Sinarm.
Art. 44. Fica autorizada
a entrada temporária no País, por prazo determinado, de armas de fogo,
munições e acessórios
para fins de demonstração, exposição,
conserto, mostruário
ou testes, por meio de comunicação do interessado, de seus representantes
legais ou das representações
diplomáticas
do país de origem ao Comando do Exército.
§ 1º
A
importação
sob o regime de admissão temporária será autorizada por meio do Certificado
Internacional de Importação.
§ 2º Terminado o evento
que motivou a importação, o material deverá retornar ao seu país de origem e
não poderá ser doado ou vendido no território
nacional, exceto se a doação for destinada aos museus dos órgãos e das
instituições a que se referem o inciso I ao inciso XI do caput do
art. 37.
§ 3º A Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia fiscalizará a entrada e a saída do País dos produtos a que se refere este artigo.
Art. 45. Fica
vedada a importação
de armas de fogo, de seus acessórios e suas peças, de suas
munições e seus componentes, por meio do serviço postal e de encomendas.
Art. 46. O Comando do Exército
autorizará a exportação de armas, munições e demais produtos controlados,
nos termos estabelecidos em legislação específica para exportação de
produtos de defesa e no disposto no
art. 24 da Lei nº 10.826, de 2003.
Art. 47. O desembaraço
aduaneiro
de armas de fogo, munições e demais produtos
controlados
será
feito pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da
Economia, após autorização do Comando do Exército.
§ 1º O desembaraço
aduaneiro de que trata o caput
incluirá:
I -
as operações
de importação e de exportação, sob qualquer regime;
II - a internação de mercadoria em entrepostos aduaneiros;
III - a nacionalização de mercadoria entrepostada;
IV
- a entrada e a saída
do País de armas de fogo e de munição de atletas brasileiros e estrangeiros
inscritos em competições nacionais ou internacionais;
V -
a entrada e a saída
do País de armas de fogo e de munição trazidas por agentes de segurança de
dignitários estrangeiros em visita ao País;
VI
- a entrada e a saída
de armas de fogo e de munição
de órgãos de segurança
estrangeiros, para participação em operações, exercícios e instruções de
natureza oficial; e
VII - as armas de fogo, as munições, as suas partes e as suas peças, trazidas como bagagem acompanhada ou desacompanhada.
§ 2º O desembaraço
aduaneiro de armas de fogo e de
munição
ficará
condicionado ao cumprimento das normas específicas sobre marcação
estabelecidas pelo Comando do Exército.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 48.
As armas de fogo
apreendidas, observados os procedimentos relativos
à
elaboração
do laudo pericial e quando não mais interessarem
à
persecução
penal, serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo de
quarenta e oito horas, para destruição ou doação aos
órgãos
de segurança pública ou
às
Forças
Armadas.
§ 1º Os
órgãos
de segurança pública ou as Forças Armadas responsáveis pela apreensão
manifestarão interesse pelas armas
de fogo apreendidas, respectivamente, ao Ministério
da Justiça e Segurança Pública ou ao Comando do Exército,
no prazo de dez dias, contado da data de envio das armas ao Comando do Exército, nos termos do
disposto no caput.
§ 2º O Comando do Exército se manifestará favoravelmente à doação de que
trata o caput,
na hipótese de serem cumpridos os seguintes requisitos:
I - comprovação da necessidade de destinação do armamento;
II - adequação das armas de fogo ao padrão de cada
órgão; e
III - atendimento aos critérios
de priorização estabelecidos pelo Ministério
da Justiça e Segurança Pública, nos termos do disposto no
§ 1º do art. 25 da
Lei nº 10.826, de 2003.
§ 3º O Ministério da Justiça e Segurança Pública incluirá a priorização de
atendimento ao
órgão
que efetivou a apreensão
dentre
os critérios de que trata o inciso
III do § 2º.
§ 4º A análise do cumprimento dos requisitos estabelecidos no § 2º será
realizada no prazo de cinco dias, contado da data de manifestação de
interesse de que trata o § 1º, pela Secretaria Nacional de Segurança Pública
do Ministério
da Justiça e Segurança Pública,
na hipótese de a manifestação
ter sido apresentada pelos
órgãos
de segurança pública, ou pelo Comando do Exército,
na hipótese de a manifestação
ter sido apresentada pelas Forças Armadas.
§ 5º Cumpridos os requisitos de que trata o § 2º, o Comando do Exército
encaminhará, no prazo de vinte dias, a relação das armas de fogo a serem
doadas ao juiz competente, que determinará o seu perdimento em favor do
órgão ou da Força Armada
beneficiária.
§ 6º Na hipótese
de não haver manifestação expressa do
órgão
ou da Força Armada que realizou a apreensão das armas, nos termos do
disposto no § 1º, os demais
órgãos
de segurança pública ou das Forças Armadas poderão manifestar interesse
pelas armas de fogo, no prazo de trinta dias, contado da data de recebimento
do relatório a que se refere o
§ 1º do art. 25 da Lei nº
10.826, de 2003, e encaminhar pedido de
doação ao Comando do Exército.
§ 7º O Comando do Exército apreciará o pedido
de doação de que trata o § 6º, observados os requisitos estabelecidos no §
2º, e encaminhará, no prazo de sessenta dias, contado da data de divulgação
do relatório a que se refere o
§ 1º do art. 25 da Lei nº
10.826, de 2003, a relação das armas a
serem doadas, para que o juiz competente determine o seu perdimento, nos
termos do disposto no § 5º.
§ 8º As armas de fogo de valor histórico ou obsoletas poderão
ser objeto de doação a museus das Forças Armadas ou de instituições
policiais indicados pelo Comando do Exército.
§ 9º As armas de fogo apreendidas poderão ser devolvidas pela autoridade competente aos seus legítimos proprietários na hipótese de serem cumpridos os requisitos de que trata o art. 4º da Lei nº 10.826, de 2003.
§ 10. A decisão sobre o destino final das armas de fogo não doadas aos
órgãos interessados nos termos do disposto neste Decreto caberá ao Comando
do Exército,
que deverá concluir pela sua destruição ou pela doação
às
Forças
Armadas.
§ 11.
As munições e os acessórios
apreendidos, concluídos os procedimentos relativos
à
elaboração do laudo pericial e
quando não mais interessarem
à
persecução
penal, serão encaminhados pelo juiz competente ao Comando do Exército,
no prazo de quarenta e oito horas, para destruição ou doação aos
órgãos
de segurança pública ou
às
Forças
Armadas.
§ 12.
O órgão
de segurança pública ou as Forças Armadas responsáveis pela apreensão das
munições
serão
o destinatário da doação,
desde que manifestem interesse.
§ 13.
Na hipótese de não haver interesse por parte do
órgão
ou das Forças Armadas responsáveis
pela apreensão, as munições
serão
destinadas ao primeiro órgão que manifestar interesse.
§ 14.
Compete ao
órgão
de segurança pública beneficiário da doação das munições
periciá-las
para atestar a sua validade e encaminhá-las ao Comando do Exército
para destruição,
na hipótese de ser constado que são inservíveis.
§ 15. As armas de fogo, as munições e os acessórios apreendidos que forem de propriedade das instituições a que se referem os incisos I a XI do caput do art. 37 serão devolvidos à instituição após a realização de perícia, exceto se determinada sua retenção até o final do processo pelo juízo competente.
Art. 49. As solicitações
dos órgãos
de segurança pública sobre informações relativas ao cadastro de armas de
fogo, munições e demais produtos controlados junto ao Sinarm e ao Sigma
serão encaminhadas diretamente à Polícia Federal ou ao Comando do Exército,
conforme o caso.
Art. 50. Na hipótese de
falecimento ou interdição do proprietário de arma de fogo, o administrador
da herança ou o curador, conforme o caso, providenciará a transferência da propriedade da arma, por meio
de alvará judicial ou de autorização firmada por todos os herdeiros, desde
que sejam maiores de idade e capazes, observado o disposto no art. 13.
§ 1º O administrador da
herança ou o curador comunicará à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, conforme o caso, a morte ou a
interdição do proprietário da arma de fogo.
§ 2º Na hipótese de que
trata o caput, a arma de fogo permanecerá sob a guarda e a
responsabilidade do administrador da herança ou do curador, depositada em
local seguro, até
a expedição do Certificado de Registro de Arma de Fogo e a entrega ao novo
proprietário.
§ 3º A inobservância ao disposto no § 2º implicará a apreensão da arma de fogo pela autoridade competente, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
Art. 51. O valor da
indenização de que tratam os art. 31 e art. 32 da Lei nº 10.826, de 2003, e
o procedimento para o respectivo pagamento serão fixados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Parágrafo único. Os
recursos financeiros necessários ao cumprimento do disposto nos
art. 31 e
art. 32 da Lei nº 10.826, de 2003, serão custeados por dotação
orçamentária específica
consignada ao Ministério da Justiça
e Segurança Pública.
Art. 52. Será presumida a
boa-fé
dos possuidores e dos proprietários de armas de fogo que as entregar
espontaneamente à Polícia Federal ou aos postos de recolhimento
credenciados, nos termos do disposto no
art. 32 da Lei nº 10.826, de
2003.
Art. 53. A entrega da
arma de fogo de que tratam os
art. 31 e art. 32 da Lei nº 10.826, de 2003,
de seus acessórios
ou de sua munição será feita na Polícia Federal ou em
órgãos
e entidades credenciados pelo Ministério
da Justiça e Segurança Pública.
§ 1º Para o transporte da
arma de fogo até
o local de entrega, será exigida guia de trânsito, expedida pela Polícia
Federal ou por
órgão por ela credenciado,
que conterá as especificações
mínimas estabelecidas pelo
Ministério
da Justiça
e Segurança Pública.
§ 2º A guia de trânsito de que trata o § 1º poderá ser expedida pela internet, na forma estabelecida em ato do Diretor-Geral da Polícia Federal.
§ 3º A guia de trânsito
de que trata o § 1º
autorizará tão-somente o transporte da arma, devidamente desmuniciada e
acondicionada de maneira que seu uso não possa ser imediato, limitado para o
percurso nela autorizado.
§ 4º O transporte da arma
de fogo sem a guia de trânsito, ou o transporte realizado com a guia, mas
sem a observância ao que nela estiver estipulado, sujeitará o infrator
às
sanções penais cabíveis.
Art. 54. As
disposições sobre a entrega de armas de fogo de que tratam os
art. 31 e art. 32 da Lei nº
10.826, de 2003, não se aplicam
às
empresas de segurança privada e de transporte de valores.
Art. 55. Será aplicada
pelo órgão
competente pela fiscalização multa de:
I - R$ 100.000,00 (cem mil reais):
a)
à
empresa de transporte aéreo, rodoviário,
ferroviário,
marítimo,
fluvial ou lacustre que permita o transporte de arma de fogo, munição ou
acessórios
sem a devida autorização ou com inobservância às normas de segurança; e
b)
à
empresa de produção ou de comercialização de armas de fogo que realize
publicidade para estimular a venda e o uso indiscriminado de armas de fogo,
acessórios
e munição, exceto nas publicações especializadas;
II - R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), sem prejuízo das sanções penais cabíveis:
a)
à
empresa de transporte aéreo, rodoviário,
ferroviário,
marítimo,
fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer meio, realize, promova
ou facilite o transporte de arma de fogo ou de munição sem a devida
autorização ou com inobservância às normas de segurança; e
b)
à
empresa de produção ou de comercialização de armas de fogo que reincidir na
conduta de que trata a alínea “b” do inciso I do caput; e
III - R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), sem prejuízo das sanções penais cabíveis, à empresa que reincidir na conduta de que tratam a alínea “a” do inciso I e as alíneas “a” e “b” do inciso II.
Art. 56. A empresa de
segurança e de transporte de valores ficará sujeita
às
penalidades de que trata o art. 23 da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983,
na hipótese de não apresentar, nos termos do disposto nos
§ 2º e § 3º do
art. 7º da Lei nº 10.826, de 2003:
I -
a documentação
comprobatória do cumprimento dos
requisitos constantes do
art. 4º da Lei nº 10.826, de
2003, quanto aos empregados
que portarão arma de fogo; e
II - semestralmente, ao Sinarm, a listagem atualizada de seus empregados.
Art. 57. Os recursos
arrecadados em razão das taxas e das sanções
pecuniárias
de caráter administrativo previstas neste Decreto serão aplicados nos termos
do disposto no
§ 1º do art. 11 da Lei nº
10.826, de 2003.
Parágrafo único. As
receitas destinadas ao Sinarm serão recolhidas ao Banco do Brasil S.A., na
conta Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-Fim da
Polícia
Federal, e serão alocadas para o reaparelhamento, a
manutenção e o custeio das atividades de controle e de fiscalização da
circulação de armas de fogo e de repressão a seu tráfico
ilícito,
de competência da Polícia Federal.
Art. 58. Os
requerimentos formulados ao Comando do Exército, ao Sigma, à Polícia Federal
e ao Sinarm, referentes aos procedimentos previstos neste Decreto, serão
apreciados e julgados no prazo de sessenta dias.
§ 1º A apreciação e o julgamento a que se refere o caput ficarão condicionados à apresentação do requerimento devidamente instruído à autoridade competente.
§ 2º O prazo a que se refere o caput será contado da data:
I - da entrega do requerimento devidamente instruído; ou
II - da entrega da documentação completa de instrução do requerimento, na hipótese de as datas da entrega do requerimento e dos documentos que o instruem não coincidirem.
§ 3º Transcorrido o prazo a que se refere o caput sem a apreciação e o julgamento do requerimento, observado o disposto no § 1º, consideram-se aprovados tacitamente os pedidos nele formulados.
§ 4º A aprovação tácita não impede a continuidade da apreciação do requerimento, que poderá ser cassado, caso constatado o não cumprimento dos requisitos legais.
Art. 59. O
Decreto nº 9.607, de 12 de dezembro de 2018, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
“Art. 34-B. A autorização para importação de Prode, conforme definido em ato do Ministério da Defesa, poderá ser concedida:
I - aos órgãos e às entidades da administração pública;
II - aos fabricantes de Prode em quantidade necessária à realização de pesquisa, estudos e testes, à composição de sistemas de Prode ou à fabricação de Prode;
III - aos representantes de empresas estrangeiras, em regime de admissão temporária, para fins de experiências, testes ou demonstração, junto às Forças Armadas do Brasil ou a órgãos ou entidades públicas, desde que comprovem exercer a representação comercial do fabricante estrangeiro no território nacional e apresentem documento comprobatório do interesse das instituições envolvidas;
IV - aos expositores, para participação em feiras, mostras, exposições e eventos, por período determinado;
V - aos agentes de segurança de dignitários estrangeiros em visita ao País, em caráter temporário;
VI - às representações diplomáticas;
VII - aos integrantes de Forças Armadas do Brasil ou de órgãos de segurança estrangeiros, em caráter temporário, para:
a) participação em exercícios combinados; ou
b) participação, na qualidade de instrutor, aluno ou competidor, em cursos e eventos profissionais das Forças Armadas do Brasil e de órgãos de segurança nacionais, desde que o Prode seja essencial para o curso ou o evento; e
VIII - aos colecionadores, aos atiradores desportivos, aos caçadores e às pessoas naturais cujas armas de fogo devam ser registradas pelo Comando do Exército, nas condições estabelecidas no Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados.
§ 1º Nas hipóteses previstas nos incisos III, IV e VII do caput, a importação será limitada às amostras necessárias ao evento, vedada a importação do produto para outros fins, e os Prode deverão ser reexportados após o término do evento motivador da importação ou, a critério do importador e com autorização do Ministério da Defesa, doados.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso III do caput, os Prode não serão entregues aos seus importadores e ficarão diretamente sob a guarda dos órgãos ou das instituições envolvidos.” (NR)
I - os seguintes dispositivos do Anexo ao Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000:
a) o art. 183; e
b) o art. 190;
II - o
art. 34-A do
Decreto nº 9.607, de 2018;
III - o Decreto nº 9.785, de 7 de maio de 2019; e
IV - o Decreto nº 9.797, de 21 de maio de 2019.
Art. 61.
Este Decreto entra em
vigor na data de sua publicação.
Brasília, 25 de junho de
2019, 198º da Independência e 131º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Onyx Lorenzoni
Este texto
não substitui o publicado no DOU de 25.6.2019 - Edição extra - A
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