Presidência
da República |
DECRETO Nº 2.794, DE 1º DE OUTUBRO DE 1998.
Revogado pelo Decreto nº 5.707, de 2006 |
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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, da Constituição, e
tendo em vista o disposto nos arts. 87 e 95 da Lei no 8.112, de 11 de
dezembro de 1990,
DECRETA:
Art. 1o Fica instituída a Política Nacional de
Capacitação dos Servidores públicos federais, a ser implementada pelos órgãos e pelas
entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, com as
seguintes finalidades:
I - melhoria da eficiência do serviço público e da qualidade dos serviços
prestados ao cidadão;
II - valorização do servidor público, por meio de sua capacitação
permanente;
III - adequação do quadro de servidores aos novos perfis profissionais
requeridos no setor público;
IV - divulgação e controle de resultados das ações de capacitação;
V - racionalização e efetividade dos gastos com capacitação.
Art. 2o Para fins deste Decreto, são consideradas
ações de capacitação: cursos presenciais e à distância, treinamentos em serviço,
grupos formais de estudos, intercâmbios ou estágios, seminários, congressos, desde que
contribuam para a atualização profissional e o desenvolvimento do servidor e que se
coadunem com as necessidades institucionais dos órgãos e das entidades.
Art. 3o São diretrizes da Política Nacional de
Capacitação dos Servidores:
I - tornar o servidor público agente de sua própria capacitação, nas áreas
de interesse do respectivo órgão ou entidade;
II - possibilitar o acesso dos servidores a ações de capacitação,
oferecendo, anualmente, pelo menos uma oportunidade de capacitação a cada servidor,
otimizando os recursos orçamentários disponíveis;
III - priorizar as ações internas de capacitação, que aproveitem habilidades
e conhecimentos de servidores da própria instituição, e programas de educação
continuada que contemplem eventos de curta duração;
IV - incluir, entre os requisitos para a promoção nas carreiras da
Administração Pública Federal, atividades de capacitação do servidor;
V - utilizar a avaliação de desempenho e a capacitação como ações entre si
complementares;
VI - oferecer oportunidades de requalificação aos servidores redistribuídos;
VII - avaliar permanentemente os resultados advindos das ações de
capacitação;
VIII - implantar o controle gerencial dos gastos com capacitação.
Art. 4o São instrumentos da Política Nacional de
Capacitação dos Servidores:
I - diretrizes bienais das ações de capacitação;
II - valores de referência de custo por hora, por treinando;
III - Planos Anuais de Capacitação;
IV - Relatórios de Execução dos Planos Anuais de Capacitação;
V - sistema de acompanhamento e informações gerenciais.
§ 1o As diretrizes bienais deverão indicar as
orientações estratégicas, os conteúdos prioritários e os respectivos públicos-alvo
relativos às ações de capacitação para o período a que se referem, levando em
consideração os resultados alcançados no período anterior e os almejados para o
subseqüente.
§ 2o Os valores de referência de custo serão os
balizadores dos gastos com capacitação por hora, por treinando, de acordo com a natureza
das ações implementadas, e serão calculados a partir de levantamento dos preços
praticados em ações de capacitação por entidades públicas ou privadas.
§ 3o Os Planos Anuais de Capacitação, a serem
encaminhados ao Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado pelos órgãos
e pelas entidades, observarão as orientações da Comissão Interministerial de
Capacitação e definirão as metas a serem alcançadas em consonância com os resultados
institucionais esperados, as quais deverão contemplar:
I - ações de capacitação direcionadas aos públicos-alvo e ao atendimento
dos conteúdos prioritários, indicados na forma do § 1o deste artigo;
II - ações de capacitação direcionadas ao atendimento das necessidades
específicas do órgão ou da entidade, aí incluídos o curso de formação inicial para
as carreiras e a pós-graduação.
§ 4o Para cada ação de capacitação prevista no
Plano Anual de Capacitação deverá ser explicitado:
I - o universo de servidores aos quais se destina;
II - o percentual de servidores, dentre o universo definido na forma do inciso
anterior, que será atendido anualmente;
III - a carga horária;
IV - a estimativa de custos;
V - os indicadores relativos aos resultados institucionais esperados em
decorrência da implementação das ações de capacitação.
§ 5o Os Relatórios de Execução dos Planos Anuais de
Capacitação, destinados a possibilitar o controle gerencial das ações de
capacitação, incluirão os resultados obtidos no cumprimento das metas propostas com
base nas informações definidas no parágrafo anterior.
§ 6o O sistema de acompanhamento e informações
gerenciais, tendo por fonte de dados o Relatório de Execução, contemplará conjunto de
indicadores que permita a avaliação permanente da Política Nacional de Capacitação, a
publicidade das ações e os resultados dela decorrentes, bem como a atualização no
cadastro funcional de cada servidor dos dados referentes à participação em ações de
capacitação.
Art. 5o Fica criada a Comissão Interministerial de
Capacitação, composta por um representante de cada Ministério a seguir descrito,
indicados pelos respectivos titulares:
I - da Administração Federal e Reforma do Estado, que a presidirá;
II - da Fazenda;
III - do Planejamento e Orçamento;
IV - da Educação e do Desporto;
V - do Trabalho.
§ 1o Integram também a Comissão Interministerial de
Capacitação um representante das unidades de recursos humanos dos órgãos e das
entidades e um das escolas de governo federal responsáveis pela formação e
capacitação de servidores públicos, escolhidos pelo Ministro de Estado da
Administração Federal e Reforma do Estado.
§ 2o Os membros da Comissão Interministerial de
Capacitação serão designados pelo Ministro de Estado da Administração Federal e
Reforma do Estado.
§ 3o A Comissão Interministerial de Capacitação
contará com o apoio técnico e administrativo do Ministério da Administração Federal e
Reforma do Estado.
Art. 6o A Comissão a que se refere o artigo anterior
terá as seguintes atribuições:
I - fixar o cronograma de execução da Política Nacional de Capacitação e as
diretrizes bienais das ações de capacitação;
II - definir a cada biênio o percentual mínimo a ser observado pelos órgãos
e pelas entidades, na forma do art. 8o;
III - fornecer ao Ministério do Planejamento e Orçamento subsídios técnicos
e informações sobre as ações de capacitação realizadas pelos órgãos e pelas
entidades federais, com vistas à consolidação da proposta orçamentária da União;
IV - avaliar os resultados da implementação da Política Nacional de
Capacitação e propor os ajustes necessários;
V - fornecer subsídios ao Sistema de Controle Interno do Poder Executivo para
avaliação da gestão dos órgãos e das entidades quanto ao atendimento às diretrizes
da Política Nacional de Capacitação e ao cumprimento das metas propostas nos Planos
Anuais de Capacitação.
Parágrafo único. No exercício das atribuições de que trata o inciso
I, a Comissão Interministerial de Capacitação ouvirá os órgãos centrais dos sistemas
da Administração Pública Federal, bem como os responsáveis por capacitação dos
órgãos e das entidades, podendo ouvir também as entidades representativas dos
servidores públicos federais.
Art. 7o Na implementação da Política Nacional de
Capacitação, o Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado deverá:
I - estabelecer e publicar valores de referência de custo por hora, por
treinando;
II - promover a disseminação da Política Nacional de Capacitação junto aos
dirigentes dos órgãos e das entidades, aos titulares das unidades de recursos humanos,
aos responsáveis pela capacitação, aos servidores públicos federais e às suas
entidades representativas;
III - elaborar e divulgar sínteses e estatísticas sobre os resultados
alcançados e as despesas efetuadas com capacitação, bem como encaminhá-las à
Comissão Interministerial de Capacitação;
IV - orientar os órgãos e as entidades na elaboração do Plano Anual de
Capacitação;
V - promover ações de formação de multiplicadores para os conteúdos
prioritários definidos pela Comissão Interministerial de Capacitação;
VI - criar mecanismos de incentivo à atuação de servidores dos órgãos e das
entidades como facilitadores, instrutores e multiplicadores em ações de capacitação e
de apoio às iniciativas de crescimento profissional do servidor;
VII - desenvolver e manter atualizado o sistema de acompanhamento e
informações gerenciais.
Art. 8o Do total de recursos orçamentários aprovados e
destinados à capacitação, os órgãos e as entidades devem reservar, no mínimo, o
percentual fixado a cada biênio pela Comissão Interministerial de Capacitação para
atendimento aos públicos-alvo e a conteúdos prioritários, ficando o restante para
atendimento das necessidades específicas.
Art. 9o A média dos gastos anuais efetuados por hora,
por treinando, de acordo com a natureza das ações de capacitação, não poderá
ultrapassar os valores de referência de custo estabelecido pelo Ministério da
Administração Federal e Reforma do Estado.
Parágrafo único. O limite de que trata este artigo só se aplica às
ações de capacitação custeadas pelos órgãos e pelas entidades, nele não se
incluindo os financiamentos por intermédio de bolsas ou quaisquer outras formas de
custeio.
Art. 10. Considera-se treinamento regularmente instituído qualquer ação
de capacitação contemplada no art. 2o deste Decreto, cuja temática
esteja contida no Plano Anual de Capacitação do respectivo órgão ou entidade.
§ 1o Só serão autorizados afastamentos para
treinamento regularmente instituído quando a ação de capacitação objeto do
afastamento estiver contemplada no Plano e o horário destinado à participação do
servidor inviabilizar o cumprimento da jornada semanal de trabalho.
§ 2o Aos
afastamentos no País aplica-se o disposto no art. 1o
do Decreto no 91.800, de 18 de outubro de 1985.
§ 3o Quando os afastamentos envolverem concessão de
bolsa por agências de fomento ou organismos nacionais ou internacionais, prevalecerão,
quanto ao ônus, as normas daquelas agências e organismos.
§ 4o O prazo de afastamento a ser autorizado será de
até vinte e quatro meses, para mestrado, de até quarenta e oito meses para doutorado, de
até doze meses para pós-doutorado e especialização e de até seis meses para
intercâmbio ou estágio.
Art. 11. As despesas com as ações de capacitação de que trata o § 4o
do artigo anterior não excederão a quinze por cento dos recursos destinados no
orçamento dos órgãos e das entidades à ações de capacitação, aí computados a
remuneração paga ao servidor e o custeio do curso, intercâmbio ou estágio quando pagos
pelo órgão ou pela entidade do servidor.
Parágrafo único. O limite de que trata este artigo não se aplica às
ações de capacitação destinadas aos professores de instituições federais de ensino e
aos integrantes das carreiras de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da área de
Ciência e Tecnologia.
Art. 12. Os órgãos e as entidades poderão, respeitado o montante de
recursos orçamentários aprovados e destinados à capacitação, substituir ou alterar as
ações previstas nos respectivos Planos até o limite de trinta por cento dos recursos
destinados ao atendimento das suas necessidades específicas.
Art. 13. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor
poderá solicitar ao dirigente máximo do órgão ou da entidade em que se encontre em
exercício licença remunerada, por até três meses, para participar de ação de
capacitação, cuja concessão se condiciona ao planejamento interno da unidade
organizacional, à oportunidade do afastamento e à relevância do curso para a
instituição.
§ 1o A licença para capacitação poderá ser
parcelada, não podendo a menor parcela ser inferior a cinco dias.
§ 2o A Administração Pública Federal poderá custear
a participação do servidor em ações de capacitação durante a licença a que se
refere o caput deste artigo, limitado este custeio a cento e setenta e seis
unidades de valor de referência de custo a cada qüinqüênio, de acordo com a natureza
das ações realizadas, desde que incluídas no Plano Anual de Capacitação.
Art. 14. No biênio 1999-2000, as atribuições da Comissão
Interministerial de Capacitação referidas no art. 6o deste Decreto
serão exercidas pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, a quem
compete expedir instruções específicas para o cumprimento do disposto neste artigo.
Art. 15. O não-cumprimento das metas estabelecidas nos Planos Anuais de
Capacitação poderá implicar revisão da proposta orçamentária, nas rubricas da
subatividade Capacitação de Recursos Humanos, para o exercício subseqüente.
Art. 16. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 17. Revoga-se o Decreto no
2.029, de 11 de outubro de 1996.
Brasília, 1o de
outubro de 1998; 177o da Independência e 110o da
República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Cláudia Maria Costin
Este texto não substitui o publicado no DOU de 2.10.1998
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