Presidência
da República |
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 125, DE 30 DE JULHO 2003.
Convertida na Lei nº 10.743, de 2003 | Institui no Brasil o Sistema de Certificação do Processo de Kimberley - SCPK, relativo à exportação e à importação de diamantes brutos, e dá outras providências. |
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da
Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:
Art. 1o Fica instituído, no Brasil, nos termos das
exigências estabelecidas no Processo de Kimberley, o Sistema de Certificação do
Processo de Kimberley - SCPK, mecanismo internacional de certificação de
origem de diamantes brutos destinados à exportação e à importação, na forma do
disposto nesta Medida Provisória.
§ 1o Denomina-se Processo de Kimberley todas as
atividades internacionais relacionadas à certificação de origem de diamantes brutos,
visando impedir o financiamento de conflitos pelo seu comércio.
§ 2o Na exportação, o Processo de Kimberley visa
impedir a remessa de diamantes brutos extraídos de áreas de conflito ou de qualquer
área não legalizada perante o Departamento Nacional de Produção
Mineral - DNPM.
§ 3o Na importação, o Processo de Kimberley visa
impedir a entrada de remessas de diamantes brutos sem o regular Certificado do Processo de
Kimberley do país de origem.
Art. 2o A importação e a exportação de diamantes
brutos no território nacional exige o atendimento dos requisitos desta Medida
Provisória.
Parágrafo único. Consideram-se diamantes brutos, para os fins desta Medida
Provisória, aqueles classificados nas subposições 7102.10, 7102.21 e 7102.31 do Sistema
Harmonizado de Codificação e Designação de Mercadorias.
Art. 3o Ficam proibidas as atividades de importação e
exportação de diamantes brutos originários de países não-participantes do Processo de
Kimberley.
Parágrafo único. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior publicará, periodicamente, a relação dos países participantes do Processo de
Kimberley.
Art. 4o O SCPK tem por objetivos:
I - assegurar o acesso da produção brasileira de diamantes brutos ao mercado
internacional;
II - impedir a entrada, no território nacional, de diamantes brutos
originários de países não-participantes do Processo de Kimberley, bem como daqueles
originários dos países participantes, mas que estejam desacompanhados de documentação
compatível com aquele Sistema; e
III - impedir a saída do território nacional de diamantes brutos
desacompanhados do Certificado do Processo de Kimberley.
Art. 5o A implementação e a execução do SCPK são de
responsabilidade dos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de
Minas e Energia e da Fazenda, no que tange às suas competências específicas.
Art. 6o As exportações de diamantes brutos produzidos
no País somente poderão ser realizadas se acompanhadas do Certificado do Processo de
Kimberley.
§ 1o Compete ao DNPM, entidade anuente no processo
exportador, a emissão do Certificado do Processo de Kimberley.
§ 2o No caso de ser necessária a abertura de
invólucro contendo diamantes brutos a serem exportados, em decorrência de ação fiscal
aduaneira realizada no curso do despacho, o Ministério da Fazenda, por intermédio da
Secretaria da Receita Federal, emitirá o Certificado do Processo de Kimberley em
substituição ao certificado original, transcrevendo os mesmos dados do certificado
substituído.
Art. 7o As importações de diamantes brutos serão
acompanhadas do Certificado do Processo de Kimberley, emitido pelas autoridades
competentes do país de origem, sendo obrigatória a apresentação dele por ocasião do
licenciamento não-automático pelo DNPM.
Art. 8o Compete ao Ministério da Fazenda, por
intermédio da Secretaria da Receita Federal, examinar e manusear os lotes de diamantes
brutos submetidos a despacho aduaneiro, com vistas a verificar sua conformidade com o
conteúdo do Certificado do Processo de Kimberley que os acompanha, expedindo, na
hipótese prevista no § 2o do art. 6o, o
correspondente certificado.
Art. 9o Aplica-se a pena de perdimento da mercadoria:
I - submetida a procedimento de despacho aduaneiro, sem amparo do Certificado do
Processo de Kimberley; e
II - na posse de qualquer pessoa, em zona primária de portos, aeroportos e
pontos de fronteira alfandegados, sem amparo do Certificado do Processo de Kimberley.
Art. 10. Aplica-se a multa de cem por cento do valor da mercadoria:
I - ao comércio internacional de diamantes brutos, sem amparo do Certificado do
Processo de Kimberley verificado em procedimento de ação fiscal aduaneira de zona
secundária, com base em registros assentados em livros fiscais ou comerciais; e
II - à prática de artifício para a obtenção do Certificado do Processo de
Kimberley.
Art. 11. Compete ao Ministério da Fazenda, por intermédio da Secretaria
da Receita Federal, a aplicação das penalidades previstas nos arts. 9o
e 10, observando-se o disposto nos arts. 27 a 30 do Decreto-Lei no
1.455, de 7 de abril de 1976.
Art. 12. O DNPM, a Secretaria da Receita Federal e a Secretaria de
Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em
conjunto, serão responsáveis pela implantação do SCPK, devendo desenvolver e
implementar sistema de monitoramento e controle estatístico do comércio e produção de
diamantes no País, em consonância com o que for definido no âmbito do Processo de
Kimberley.
Art. 13. Os prazos a que se referem o inciso I do art. 4o e o art. 5o, ambos da Lei no
10.684, de 30 de maio de 2003, ficam prorrogados até 31 de agosto de 2003, observadas
as demais normas constantes daquela Lei.
Art. 14. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua
publicação.
Brasília, 30 de julho de 2003; 182o da Independência e 115o
da República.