Presidência
da República |
MEDIDA PROVISÓRIA No 1.608-14, DE 28 DE ABRIL DE 1998.
Convertida na Lei nº 9.639, de 1998 |
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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da
atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida
Provisória, com força de lei:
Art. 1º Os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão optar pela amortização de suas
dívidas para com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, oriundas de
contribuições sociais, bem como as decorrentes de obrigações acessórias, até a
competência março de 1997, mediante o emprego de um percentual de quatro por cento do
Fundo de Participação dos Estados - FPE e nove por cento do Fundo de Participação dos
Municípios - FPM.
§ 1º Observado
o emprego mínimo de três por cento do Fundo de Participação dos Estados - FPE ou do
Fundo de Participação dos Municípios - FPM, os percentuais estabelecidos no caput
deste artigo serão reduzidos ou acrescidos para que o prazo de amortização não seja
inferior a noventa e seis meses.
§ 2º As
unidades federativas mencionadas poderão optar por incluir nesta espécie de
amortização as dívidas, até a competência março de 1997, de suas autarquias e das
fundações por elas instituídas e mantidas, hipótese em que haverá o acréscimo
de três pontos nos percentuais do Fundo de Participação dos Estados - FPE e
de
três pontos nos percentuais do Fundo de Participação dos Municípios - FPM,
referidos no caput.
§ 3º Mediante
o emprego de mais quatro pontos percentuais do respectivo Fundo de Participação, as
Unidades Federativas a que se refere este artigo poderão optar por incluir, nesta
espécie de amortização, as dívidas constituídas até a competência março de 1997,
para com o INSS, de suas empresas públicas, mantendo-se os critérios de atualização e
incidência de acréscimos legais aplicáveis às empresas desta natureza, a elas se
aplicando as vantagens previstas nos incisos I e II do art. 7o.
Art. 2º As
unidades federativas mencionadas no artigo anterior poderão assumir as dívidas para com
o INSS de suas empresas públicas e sociedades de economia mista, facultando-se-lhes a
sub-rogação no respectivo crédito para fins de parcelamento ou reparcelamento, seja na
forma convencional estabelecida no art. 38 da Lei nº 8.212, de 24 de
julho de 1991, sem a restrição do seu § 5º, seja na forma excepcional
prevista no art. 7o desta Medida Provisória, mantendo-se os critérios
de atualização e incidência de acréscimos legais aplicáveis a essas entidades.
Parágrafo único. O atraso
superior a sessenta dias no pagamento das prestações referentes ao acordo de
parcelamento celebrado na forma deste artigo acarretará a retenção do Fundo de
Participação dos Estados - FPE ou do Fundo de Participação dos Municípios - FPM e o
repasse à autarquia previdenciária do valor correspondente à mora, por ocasião da
primeira transferência que ocorrer após a comunicação do INSS ao Ministério da
Fazenda.
Art. 3º O
percentual de que trata o caput do art. 1o será reduzido em:
I - seis pontos, para os mil
municípios de menor capacidade de pagamento, medida pela receita per capita das
transferências constitucionais da União e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços - ICMS, e em três pontos, para os mil municípios seguintes; ou
II - seis pontos, para os
municípios com até vinte mil habitantes e onde estão localizados os bolsões de
pobreza, identificados como áreas prioritárias no Programa Comunidade Solidária, e em
três pontos, para os municípios com mais de vinte mil e menos de trinta mil habitantes e
identificados por aquele Programa; ou
III - seis pontos, para os
municípios com Índice de Condições de Sobrevivência - ICS nacional - das crianças de
até seis anos, calculado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF em
conjunto com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, maior
do que zero vírgula sessenta e cinco e em três pontos, para os municípios com ICS
nacional maior do que zero vírgula cinco e menor ou igual a zero vírgula sessenta e
cinco.
§ 1o Excluem-se
do disposto nos incisos I e II deste artigo os municípios com Índice de Condições de
Sobrevivência - ICS nacional - das crianças de até seis anos, menor do que zero
vírgula três.
§ 2o A
aferição da receita a que se refere o inciso I deste artigo terá como base as
transferências observadas no exercício de 1996.
§ 3o Os
municípios a que se refere o inciso II deste artigo são aqueles identificados pelo
Programa Comunidade Solidária até o final do ano de 1996.
§ 4o A
população de cada município será a informada pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, segundo a estimativa disponível em 31 de dezembro de
1996.
Art. 4º Os
Estados, o Distrito Federal, os Municípios, suas autarquias e as fundações por eles
instituídas e mantidas, ao celebrarem acordos na forma do art. 1º desta
Medida Provisória, terão todas as outras espécies de parcelamento ou amortização de
dívida para com o INSS por eles substituídas.
Art. 5º O
acordo celebrado com base nos arts. 1º a 3º desta
Medida Provisória conterá cláusula em que o Estado, o Distrito Federal ou o Município
autorize, quando houver a falta de pagamento de débitos vencidos ou o atraso superior a
sessenta dias no cumprimento das obrigações previdenciárias correntes ou de
prestações de acordos de parcelamento, a retenção do Fundo de Participação dos
Estados - FPE ou do Fundo de Participação dos Municípios - FPM e o repasse à autarquia
previdenciária do valor correspondente à mora, por ocasião da primeira transferência
que ocorrer após a comunicação do INSS ao Ministério da Fazenda.
Art. 6º Até
31 de março de 1998, as dívidas oriundas de contribuições sociais da parte patronal e
de obrigações acessórias devidas ao INSS, até a competência março de 1997, pelas
entidades ou hospitais contratados ou conveniados com o Sistema Único de Saúde - SUS,
bem como pelas entidades ou hospitais da Administração Pública direta e indireta,
integrantes desse Sistema, poderão ser parceladas em até noventa e seis meses, mediante
cessão de créditos que tenham junto ao SUS, na forma do disposto nos arts. 1.065 a
1.077, do Código Civil.
§ 1º As
dívidas das entidades e hospitais provenientes de contribuições descontadas dos
empregados e da sub-rogação de que trata o inciso IV do art. 30 da Lei no
8.212, de 1991, poderão ser parceladas em até trinta meses, sem redução da multa
prevista no § 7o deste artigo, mediante a cessão estabelecida no
caput.
§ 2º O
acordo de parcelamento formalizado nos termos deste artigo conterá cláusula de cessão a
favor do INSS, de créditos decorrentes de serviços de assistência médica e
ambulatorial, prestados pelo hospital ou entidade a órgãos integrantes do Sistema Único
de Saúde que, disso notificados, efetuarão o pagamento mensal, correspondente a cada
parcela, ao cessionário, nas mesmas condições assumidas com o cedente, de acordo com a
regularidade de repasses financeiros recebidos do Ministério da Fazenda.
§ 3º Os
prestadores de serviços de assistência médica e ambulatorial, mediante contrato ou
convênio com municípios, somente poderão formalizar o acordo de parcelamento com a
interveniência do órgão do Sistema Único de Saúde competente para pagá-los.
§ 4º Insuficiente
o pagamento mensal efetuado pelos órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde ao
INSS, em cumprimento à notificação mencionada no parágrafo anterior, será emitida
guia de recolhimento complementar da diferença verificada a menor, com vencimento para o
dia vinte do mês imediatamente posterior, cujo pagamento será efetuado diretamente pela
entidade ou hospital beneficiário do parcelamento acordado.
§ 5º Da
aplicação do disposto neste artigo não resultará prestação inferior a R$ 200,00
(duzentos reais).
§ 6º Os
hospitais ou entidades que já tenham celebrado acordo de parcelamento com o INSS, nos
termos das Leis nos 8.212, de 1991, 8.620, de 5 de janeiro de 1993, ou
9.129, de 20 de novembro de 1995, poderão optar pelo parcelamento a que se refere este
artigo.
§ 7º Para
os efeitos do parcelamento a que se refere este artigo, ressalvado o disposto no § 1º,
as importâncias devidas a título de multa moratória serão reduzidas, atendidos aos
seguintes prazos contados a partir do dia 1o de abril de 1997,
inclusive:
I - oitenta por cento, se o
parcelamento for requerido até o terceiro mês;
II - quarenta por cento, se
requerido até o sexto mês;
III - vinte por cento, se até o
nono mês;
IV - dez por cento, se até o
décimo segundo mês, inclusive.
§ 8º As
multas moratórias reduzidas em razão de parcelamentos especiais em manutenção serão
restabelecidas se os respectivos créditos forem objeto de reparcelamento na forma deste
artigo, aplicando-se, após o restabelecimento, a redução prevista no parágrafo
anterior.
§ 9º O
hospital ou entidade que, durante o acordo de parcelamento firmado com base nesta Medida
Provisória, denunciar o convênio ou rescindir o contrato com o Sistema Único de Saúde
- SUS, ou for por este descredenciado, terá o seu parcelamento rescindido, podendo
reparcelar o saldo devedor na modalidade convencional prevista no art. 38 da Lei no
8.212, de 1991, com restabelecimento da multa e demais acréscimos legais.
§ 10. O atraso no
recolhimento das contribuições previdenciárias referentes a competências posteriores
à celebração de acordo de parcelamento com base neste artigo, ou o descumprimento de
quaisquer de suas cláusulas ou condições, implicará a sua rescisão, com
restabelecimento da multa sobre o saldo devedor e demais acréscimos legais.
§ 11. Do total de recursos
financeiros a serem repassados a municípios habilitados para gestão semi-plena do
Sistema Único de Saúde, serão, mensalmente, retidos e recolhidos ao INSS os valores
correspondentes às parcelas de créditos que lhe foram cedidos pelos hospitais e
entidades, decorrentes de serviços médicos e ambulatoriais prestados mediante contrato
ou convênio com a administração municipal.
Art. 7o Até
31 de março de 1998, as dívidas oriundas de contribuições sociais da parte patronal
até a competência março de 1997, incluídas ou não em notificação, poderão ser
parceladas em até noventa e seis meses, sem a restrição do § 5o do
art. 38 da Lei no 8.212, de 1991, com redução das importâncias
devidas a título de multa moratória nos seguintes percentuais:
I - cinqüenta por cento, se o
parcelamento for requerido até 31 de dezembro de 1997;
II - trinta por cento, se o
parcelamento for requerido até 31 de março de 1998.
§ 1o O
acordo será lavrado em termo específico, respondendo como seus fiadores os acionistas ou
sócios controladores com seus bens pessoais, quanto ao inadimplemento das obrigações
nele assumidas, por dolo ou culpa, ou em caso de insolvência das pessoas jurídicas.
§ 2o As
pessoas jurídicas, que já tenham celebrado acordo de parcelamento com o INSS, poderão
optar pelo parcelamento a que se refere este artigo, exceto quanto aos valores parcelados
na forma da Lei no 9.129, de 1995, os quais não poderão ser
reparcelados nos termos desta Medida Provisória.
§ 3o As
multas moratórias reduzidas em razão de parcelamentos especiais em manutenção serão
restabelecidas se os respectivos créditos forem objeto de reparcelamento na forma deste
artigo, aplicando-se, após o restabelecimento, a redução prevista no caput.
§ 4o O
atraso no recolhimento das contribuições previdenciárias referentes a competências
posteriores à celebração do acordo de parcelamento com base neste artigo, ou o
descumprimento de quaisquer de suas cláusulas ou condições, implicará a sua rescisão,
com restabelecimento da multa sobre o saldo devedor e demais acréscimos legais.
§ 5o O
prazo de parcelamento definido no caput poderá ser ampliado para até cento e
vinte meses, no caso das micro e pequenas empresas, definidas no art. 2o
da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996.
§ 6o As
dívidas provenientes das contribuições descontadas dos empregados e da sub-rogação de
que trata o inciso IV do art. 30 da Lei no 8.212, de 1991, poderão ser
parceladas em até dezoito meses, sem redução da multa prevista no caput.
§ 7o Da
aplicação do disposto neste artigo não resultará prestação inferior a R$ 500,00
(quinhentos reais).
§ 8o Na
hipótese de pagamento à vista das dívidas, a redução da multa será de oitenta por
cento.
Art. 8o Fica
a União autorizada a contratar operação de crédito com o INSS, até o limite de R$
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais).
§ 1o Os
recursos a que se refere este artigo destinar-se-ão a financiar o déficit financeiro do
INSS e serão representados por Letras Financeiras do Tesouro - LFT, emitidas para esse
fim, com características a serem definidas em ato do Ministro de Estado da Fazenda.
§ 2o O
INSS fica autorizado a garantir a operação de que trata este artigo com bens integrantes
de seu ativo, podendo, inclusive, caucionar créditos decorrentes de parcelamento de
débitos de pessoas jurídicas.
Art. 9o Os
arts. 38, 45 e 48 da Lei no 8.212, de 1991, com a redação dada pela
Lei no 9.528, de 10 de dezembro de 1997, passam a vigorar com as
seguintes alterações:
"Art. 38. ............................................................................................................
..........................................................................................................................
§ 9o O acordo celebrado com o Estado, o Distrito Federal ou o Município conterá cláusula em que estes autorizem a retenção do Fundo de Participação dos Estados - FPE ou do Fundo de Participação dos Municípios - FPM e o repasse ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS do valor correspondente a cada prestação mensal, por ocasião do vencimento desta.
§ 10. O acordo celebrado com o Estado, o Distrito Federal ou o Município conterá, ainda, cláusula em que estes autorizem, quando houver o atraso superior a sessenta dias no cumprimento das obrigações previdenciárias correntes, a retenção do Fundo de Participação dos Estados - FPE ou do Fundo de Participação dos Municípios - FPM e o repasse ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS do valor correspondente à mora, por ocasião da primeira transferência que ocorrer após a comunicação da autarquia previdênciária ao Ministério da Fazenda." (NR)
"Art. 45. ..............................................................................................
............................................................................................................
§ 5o O direito de pleitear judicialmente a desconstituição de exigência fiscal fixada pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS no julgamento de litígio em processo administrativo fiscal extingue-se com o decurso do prazo de cento e oitenta dias, contados da intimação da referida decisão." (NR)
"Art. 48. ..............................................................................................
............................................................................................................
§ 2o Em se tratando de alienação de bens do ativo de empresa em regime de liquidação extrajudicial, visando à obtenção de recursos necessários ao pagamento dos credores, independentemente do pagamento ou da confissão de dívida fiscal, o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS poderá autorizar a lavratura do respectivo instrumento, desde que o valor do crédito previdenciário conste, regularmente, do quadro geral de credores, observada a ordem de preferência legal.
§ 3o O servidor, o serventuário da Justiça, o titular de serventia extrajudicial e a autoridade ou órgão que infringirem o disposto no artigo anterior incorrerão em multa aplicada na forma estabelecida no art. 92, sem prejuízo da responsabilidade administrativa e penal cabível." (NR)
Art. 10. O art. 126 da Lei no
8.213, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei no 9.528,
de 1997, passa a vigorar com a seguinte alteração:
"Art. 126..............................................................................................
§ 1o Em se tratando de processo que tenha por objeto a discussão de crédito previdenciário, o recurso de que trata este artigo somente terá seguimento se o recorrente, pessoa jurídica, instruí-lo com prova de depósito, em favor do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS de valor correspondente a trinta por cento da exigência fiscal definida na decisão.
§ 2o Após a decisão final no processo administrativo fiscal, o valor depositado para fins de seguimento do recurso voluntário será:
a) devolvido ao depositante, se aquela lhe for favorável;
b) convertido em pagamento, devidamente deduzido do valor da exigência, se a decisão for contrária ao sujeito passivo." (NR)
Art. 11. Ficam convalidados
os atos praticados com base na Medida Provisória no 1.608-13, de 2 de
abril de 1998.
Art. 12. Esta Medida
Provisória entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 28 de abril de 1998; 177º
da Independência e 110º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Pedro Malan
Waldeck Ornélas
José Serra
Este texto não substitui o
publicado no D.O.U. de 29.4.1998